Um mercado de biocombustíveis aberto e globalizado é essencial para promover mais eficiência e competitividade e a eliminação da tarifa de US$0,54 por galão (3,78 litros) imposta pelos Estados Unidos ao etanol importado será um grande passo nessa direção. A recomendação partiu de dois acadêmicos da Universidade de Minnesota durante o painel “Biocombustíveis: Alimentos, Combustíveis e o Futuro?”, organizado pela instituição, Woodrow Wilson Center, no dia 23 de julho em Washington (EUA).
Robbin Johnson, assessor sênior em estudos de políticas globais e presidente da Fundação Cargill, apontou que os EUA representam 87% do consumo mundial de etanol e precisam se tornar uma referência, se realmente desejam consolidar o uso do etanol como combustível para o setor de transportes. E o professor de economia aplicada e direito, C. Ford Runge, enfatizou a necessidade de não somente eliminar gradativamente a tarifa do etanol, como também o incentivo fiscal que atualmente é de US$0,45 por galão (3,78 litros). “Este crédito deve ser reduzido, gradualmente, mas com comprometimento. A indústria deve se manter sozinha,” afirmou.
Durante o painel, o representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na América do Norte, Joel Velasco, questionou a necessidade da imposição de barreiras comerciais ao etanol de cana-de-açúcar quando os combustíveis fósseis são livremente comercializados pelo mundo. “A questão é que os americanos não podem se beneficiar da alternativa limpa e economicamente vantajosa que é o etanol brasileiro de cana-de-açúcar, enquanto o Congresso americano mantiver barreiras contra o etanol importando.”
Mercado global de biocombustíveis
Diversas iniciativas para promover a internacionalização dos biocombustíveis foram levantadas pelos membros do painel, entre elas o Memorando de Entendimento China-EUA sobre combustíveis renováveis e a recentemente assinada Cooperação Trilateral Brasil-União Europeia-África. “A importância dessas parcerias é óbvia e o Brasil pode ter uma influência positiva nos países em desenvolvimento que podem produzir etanol de cana-de-açúcar,” disse Runge.
Velasco relembrou que a cana-de-açúcar não é somente algo relacionado ao Brasil: “Mais de 100 países ao redor do mundo plantam cana e poderiam fornecer biocombustíveis para 200 nações, em vez de somente 20 países produtores de petróleo, que hoje fornecem combustíveis fósseis para quase o mundo todo.”