Se a comunidade internacional está realmente comprometida com a mitigação das mudanças climáticas, os governos devem urgentemente tomar medidas que reduzam as emissões de gás carbônico (CO2) e promover soluções que contribuam para um setor de transportes mais sustentável. Uma dessas ações é o uso do etanol de cana-de-açúcar, que reduz em até 90% as emissões de gases de efeito estufa se comparado à gasolina. Esta foi mensagem da assessora sênior do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para assuntos internacionais, Géraldine Kutas, durante debate sobre o “Futuro dos Biocombustíveis”, promovido pelo Parlamento Europeu na terça-feira (06/10/09) em Bruxelas, na Bélgica.
O setor de transportes é responsável por 25% das emissões de gases de efeito estufa do mundo, e várias projeções indicam que o número deve crescer ainda mais nos próximos 20 anos. O evento, organizado pelo European Voice, teve também a participação do membro do Parlamento Europeu e relator da Diretiva sobre a promoção e uso de energias renováveis, Claude Turmes, do membro da Direção Geral da Comissão Européia para Energia e Transporte, Paul Hodson, além de representantes da Presidência da União Européia (UE) e da organização não-governamental World Wildlife Fund (WWF).
Em dezembro de 2008, a UE – líder em esforços globais no combate das mudanças climáticas – aprovou um conjunto de programas sobre energias renováveis com a intenção de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 20% e aumentar sua segurança energética. Os programas também estabelecem a meta de 10% de uso dessas energias no setor de transportes até 2020. Os países membros da UE agora discutem como esses objetivos serão atingidos.
O setor de transportes tem sido uma das fonte de emissões que mais cresce na UE nos últimos 15 anos. O aumento previsto para as emissões de gases de efeito estufa nos países da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) nos próximos 20 anos é de 57%. Segundo Kutas, medidas para enfrentar este conjunto de problemas não podem mais ser adiadas. É por isso, segundo ela, que alternativas limpas de energia já disponíveis devem ser incentivadas, enquanto prosseguem a pesquisa e o desenvolvimento sobre soluções a longo prazo.
“Se a União Européia está verdadeiramente comprometida em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, ela deve implementar imediatamente políticas ambiciosas envolvendo biocombustíveis, que permitam atingir uma redução significativa de emissões de CO2, através, por exemplo, do uso do etanol de cana-de-açúcar do Brasil,” ressaltou Kutas.
A assessora da UNICA ressaltou ainda a urgência em se adotar medidas de implementação da Diretiva e a indefinição quanto a critérios de sustentabilidade transparentes, para que os biocombustíveis tenham a oportunidade de mostrar seus benefícios reais, sem a criação de barreiras desnecessárias. “A adoção de um complexo e caro sistema de implementação, combinado com as barreiras comerciais existentes, vai privar a UE de ter acesso aos melhores combustíveis alternativos que podem ter um impacto imediato na redução de emissões no setor de transportes”, adicionou.
A participação da UNICA no evento aconteceu dentro do escopo do projeto Apex-Brasil/UNICA, iniciado em janeiro deste ano, parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo do projeto Apex-Brasil/UNICA é promover a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável ao redor do mundo.