Aumentar ainda mais o intercâmbio existente entre Brasil e Angola na produção de energias renováveis, especialmente no que se refere ao etanol fabricado a partir da cana-de-açúcar. Este foi o pedido informal feito pelo presidente angolano, José Eduardo dos Santos, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita oficial ao Brasil, no final de junho (23/06 e 24/06), quando os dois chefes de estado estabeleceram uma série de acordos bilaterais econômicos e científicos.
Apesar de ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo, o governo angolano quer aproveitar a experiência brasileira de mais de três décadas na produção e utilização de biocombustíveis em grande escala. O objetivo de Santos é ajudar o país a diminuir sua dependência em relação aos combustíveis fósseis.
Na opinião do diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, o Brasil pode auxiliar de diversas formas no processo de transferência tecnológica tanto no campo quanto na indústria. “Podemos contribuir com diversas variedades produtivas de cana, nas modernas técnicas de manejo agrícola, no processamento industrial da cana e, quem sabe, no futuro, apoiar a introdução de carros bicombustível no país,” ressalta.
BIOCOM
Embora Angola tenha clima favorável e disponibilidade de terras aráveis para o cultivo da cana, até recentemente a produção de açúcar era prioritária. Isso começou a mudar no início de 2009, quando os angolanos resolveram apostar em energias renováveis. Foi assim que surgiu uma joint venture entre a construtora brasileira Norberto Odebrecht, o grupo privado angolano Damer e a estatal petrolífera Sonangol, que redundou na criação da Companhia de Bioenergia de Angola (BIOCOM). E exemplo do que ocorre com a maioria das empresas brasileiras, a BIOCOM vai produzir açúcar, etanol e bioeletricidade.
O projeto, orçado inicialmente em US$ 258 milhões, prevê a construção de uma usina sucroenergética no município de Cacuso, na província de Malanje, até o início de 2012, com uma área equivalente a 30 mil hectares (ha) destinada ao plantio de cana. Segundo a BIOCOM, quando estiver em funcionamento, a usina terá capacidade de produção de 30 milhões de litros de etanol, 250 mil toneladas de açúcar e 160 mil megawatts-hora (MWh) por ano de bioeletricidade.