Um acordo entre Brasil, União Européia (UE) e Moçambique, que prevê estudos conjuntos sobre o potencial do país africano para produzir biocombustíveis, é muito bem arquitetado e deve servir de incentivo para outras nações, avalia Eduardo Leão de Sousa, diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).
Segundo Sousa, Moçambique é um país com tradição na produção de açúcar e, com incentivos adequados, como ocorreu no Brasil na década de 70, pode desenvolver um programa bem sucedido de produção e uso de etanol. “Os benefícios imediatos seriam a geração de emprego e renda no campo, redução da dependência de combustíveis fósseis e a melhoria da balança comercial, seja pela redução das importações de derivados de petróleo ou por meio das exportações do etanol excedente,” avalia Sousa.
“Moçambique reúne condições bastante competitivas para a produção de etanol e a experiência brasileira seguramente poderá contribuir para a sustentabilidade econômica e socioambiental do programa,” completou o diretor da UNICA. O executivo lembra ainda que em 2006, quando trabalhava no Banco Mundial, participou do primeiro estudo para o desenvolvimento do etanol em Moçambique.
A ação conjunta, oficializada no dia 25 de fevereiro de 2011 na cidade de Maputo, prevê que o trabalho seja realizado por técnicos da Fundação Getulio Vargas (FGV) e financiado pela mineradora Vale do Rio Doce. A primeira tarefa, com término previsto para setembro, será mapear as condições de relevo, clima e solo, além de aspectos sócio-econômicos de Moçambique, para a produção de biocombustíveis.
Em uma segunda fase serão recomendados modelos de negócio e projetos, que podem incluir etanol, bioeletricidade, biodiesel, biomassa sólida, ou ainda uma combinação entre estes itens, sem descartar a produção de alimentos. A programação prevê os primeiros resultados em até três anos.
Mistura a caminho
Segundo o ministro de energia de Moçambique, Salvador Namburete, o país deve aprovar em 2011 uma lei que obriga à mistura de etanol na gasolina e de biodiesel no óleo diesel. “Será uma forma de criar mercado… o biocombustível é o caminho” diz o ministro, lembrando que o momento é mais do que propício com a escalada dos preços do barril de petróleo em função dos conflitos na Líbia.
“Em 2008, quando houve uma queda de preços, houve quem acreditasse que o problema tinha acabado. Agora, estamos algumas estacas à frente,” conclui Namburete.