O Projeto Abayomi, uma iniciativa pioneira do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para reabilitação de filhotes de onça-parda (Puma concolor) no Brasil, inaugurou na manhã da sexta-feira (11/07) o Recinto de Reabilitação das Onças, onde dois machos e uma fêmea da espécie serão preparados para voltar a viver na natureza. Os animais foram resgatados ainda filhotes em plantações de cana-de-açúcar no ano passado.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e a FMC, uma das principais empresas da cadeia produtiva sucroenergética apoiam a inciativa. A cerimônia oficial de abertura, realizada na cidade de Itapira (SP), teve a presença da presidente da UNICA, Elizabeth Farina, além de Márcia Rodrigues, analista Ambiental do ICMBio.
“Estamos muito orgulhosos em fazer parte de uma ação que contribui com a preservação da biodiversidade que habita os canaviais e arredores”, comentou a presidente da UNICA.
Abayomi e os irmãos Raquel e Pitã foram encontrados sozinhos, com poucos meses de vida, no interior de São Paulo. A redução no uso do fogo na despalha da cana passou a oferecer um ambiente atraente para as onças nos canaviais próximos às áreas de mata nativa. No entanto, isso tem aumentado o número de ocorrências de predação a animais domésticos e gera preocupação sobre como as pessoas devem proceder ao encontrar uma onça-parda.
Por isso, a UNICA e o ICMBio firmaram este acordo, que visa produzir materiais informativos e equipar funcionários de usinas paulistas de processamento de cana sobre como proceder ao encontrar o animal.
“As usinas são estratégicas para conservar a biodiversidade por meio da adoção de melhores práticas de trabalho. Vale lembrar que São Paulo é o estado onde existe a maior preservação da Mata Atlântica ”, declarou a analista do ICMBio, Márcia Rodrigues.
Após viverem pouco mais de um ano no zoológico de Paulínia se recuperando do estado debilitado em que foram encontrados, Abayomi, Raquel e Pitã foram transferidos para uma fazenda de eucaliptos em Itapira, dando início ao processo de reabilitação. O objetivo desta ação é incentivar os animais a caçar e desacostumá-los do convívio com pessoas, e assim preparar as onças para voltar a viver definitivamente na natureza.
Nos primeiros 30 dias, cada um deles permanecerá em um recinto individual com uma área de 100 m², onde serão oferecidas cobras e capivaras para adaptar os animais a viverem em seu habitat natural. Após este período, o acesso da fazenda à mata será aberto e permanecerá assim. Dessa forma, as onças poderão voltar ao recinto a qualquer momento que sentirem necessidade. Nesta soltura, os animais serão monitorados por meio de coleiras com GPS, que enviam a localização deles por satélite.
O transporte das onças do zoológico de Paulínia para o recinto em Itapira foi registrado pela equipe da EPTV, veja a matéria (clique aqui).