A estrutura e a forma de atuação da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o processo de desregulamentação do setor sucroenergético no Brasil e o modelo do Consecana foram os grandes temas que despertaram o interesse da Indian Sugar Mills Association (ISMA) e trouxeram seus executivos à sede da UNICA, em São Paulo, para uma reunião na quinta-feira (22/08). A explicação foi dada pelo diretor Executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, que recepcionou o grupo em nome da entidade brasileira.
“O grupo de indianos se interessou em saber, principalmente, como a UNICA se organiza, os tipos de ações desenvolvidas e também suas prioridades,” explica Sousa. Ele acredita que outras associações internacionais que possuem o mesmo foco de atuação, como é o caso da ISMA, tem buscado conhecer melhor a gestão da UNICA devido a seu desempenho e reputação não apenas no mercado interno, mas em diversas regiões do mundo, relevantes para a ampliação das exportações brasileiras de etanol e açúcar.
Outro ponto explorado durante a conversa foi o processo de desregulamentação do setor sucroenergético ocorrido no Brasil ao longo da década de 90, e que exigiu um importante processo de reestruturação do setor, para se adaptar a uma nova realidade, com preços, produção e exportação livres. “A experiência brasileira, com seus erros e acertos ao longo dos anos, pode trazer importantes lições a serem consideradas pelos indianos visto que eles estão estudando formas de reduzir a forte intervenção do Estado no mercado,” disse Sousa.
Os integrantes da ISMA também se interessaram pelo modelo do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de S. Paulo (Consecana – SP) – associação formada por representantes das indústrias de açúcar e etanol e dos plantadores de cana-de-açúcar, que estabelece um mecanismo transparente de pagamento da cana com base em um percentual da receita média anual da indústria.
“O Consecana permite um compartilhamento de riscos entre indústria e produtores rurais, reduzindo a assimetria de informação entre esses agentes. Considerando a estrutura fundiária indiana, composta principalmente por pequenos produtores, mecanismos que reduzam o poder de barganha da indústria tem ainda mais importância para manter a competitividade agrícola,” explicou o diretor da UNICA.
Pela primeira vez na UNICA, o presidente da ISMA, Shri Srinivaasan, disse que sua visita foi motivada por “adquirir mais conhecimento sobre como a entidade promove o etanol brasileiro, de que forma ela atua no mercado, e entender melhor como funcionam suas diversas frentes de atuação, já que o Brasil possui expertise com o etanol há décadas”. Ele avaliou que essas informações contribuem para um melhor direcionamento do programa de etanol que a ISMA está tentando desenvolver na Índia.