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Atleta patrocinado por empresa do setor vai disputar as Olimpíadas

13 de junho de 2016

Após 20 anos de espera, desde as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, o Brasil finalmente terá um representante disputando a prova de 3.000 metros com obstáculos

Ex-entregador de folhetos na cidade de Catanduva (SP) e hoje promessa do atletismo nacional, Altobeli Santos da Silva representará o País em uma das modalidades mais tradicionais e extenuantes dos Jogos Olímpicos. O fundista de 25 anos, patrocinado pela empresa Matilat, pertencente ao grupo sucroenergético Aurélio Nardini, associado à União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), não esconde a felicidade e até uma certa surpresa em participar do maior evento esportivo do mundo, entre os dias 05 e 21 de agosto.

“É o sonho de todo atleta, embora eu confesse que não esperava conseguir esta vaga. Mas superei as dificuldades e consegui o índice olímpico. Só tenho que agradecer a todos que me ajudam, como a Matilat e a Caixa Econômica, e seguir focado e treinando forte”, afirma o competidor, cujo nome foi inspirado em Alessandro Altobelli, atacante da seleção italiana campeão da Copa de 1982, na Espanha.

O diretor do grupo Nardini, Natalin Antonio Natalício, ressalta  a conquista de Altobeli. “Ficamos sensibilizados com a garra e a vontade dele em realizar o sonho de ser atleta e o resultado de todo esse esforço já pode ser visto, pelas atuais conquistas e a garantia da vaga nas Olimpíadas Rio 2016. É importante patrocinar pessoas que possam servir de exemplo para que outros busquem seus objetivos, multiplicando boas ações”, enfatiza.

A classificação para as Olimpíadas veio durante uma etapa do Campeonato Brasileiro de Atletismo, realizado em 07 de maio deste ano na cidade de São Bernardo do Campo (SP). Com a marca de 8min28s56, o catanduvense superou em mais de 50 segundos o tempo do segundo colocado e se tornou o 4° brasileiro mais rápido na história da disputa dos 3.000 metros com obstáculos.

“A prova é tão complicada que há 20 anos não tínhamos representantes do País, ou seja, o equivalente a cinco Olimpíadas. O pessoal do atletismo ficou até surpreso, só que eu tinha bagagem de outras competições”, observa Altobeli, revelando que botou em prática experiências em corridas de 5.000 (lidera o ranking nacional nesta distância) e 10.000 metros.

Concentrado em aprimorar a sua técnica para saltar barreiras de quase 1 metro de altura durante 3 quilômetros contra os melhores do mundo, o atleta revela que está se preparando para uma turnê de 20 dias na Europa, onde participará de grandes torneios.“É muito importante, pois chegarei nas Olimpíadas do Rio sabendo contra quem vou correr, quais os pontos fortes e fracos de cada adversário. Isso me permitirá estabelecer uma estratégia e buscar a classificação para as finais”, explica.

Fã dos maratonistas Marílson Gomes dos Santos e Hicham El Guerrouj, além do seu ídolo maior, Ayrton Senna, Altobeli treina forte e não se intimida com seus oponentes. “Os quenianos e africanos sempre são favoritos, mas penso, sim, em conseguir uma medalha. Por que não?”. Em 2014 e 2015, o brasileiro mostrou que é possível vencer os temidos atletas ao conquistar a primeira colocação nas 15ª e 16ª edições da Corrida Matilat Nardini, realizada anualmente na cidade de Catanduva. Aliás, foi em 2008, enquanto entregava folhetos de ofertas de supermercados, que o jovem de 17 anos viu um cartaz sobre o evento e decidiu participar. Não venceu, mas conseguiu apoio e iniciou carreira promissora no esporte.

“A corrida Matilat Nardini é um incentivo ao esporte, e termos um patrocinado é a consagração do sucesso desta ação. Desde a edição da corrida em que o Altobeli participou pela primeira vez, já se destacou”, afirma o diretor do grupo Nardini.

Os treinos para o Jogos no Rio são intensos; 140 quilômetros por semana correndo pela cidade natal e, esporadicamente, em Sertãozinho e São José do Rio Preto, cuja mesorregião representou 21% da moagem de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo na safra 2015/2016. Altobeli revela que gosta de correr pelos canaviais, dos quais guarda uma relação próxima, já que a mãe e o pai trabalharam nas lavouras da região. No fim do dia, para recuperar as forças após uma carga pesada de treinamento, o jovem atleta dá uma dica valiosa: “É muito bom tomar caldo de cana”.