Um memorando de entendimento assinado em 2007 para favorecer a cooperação entre Brasil e Moçambique na área de biocombustíveis já está em fase final de ratificação pelos congressos nacionais dos dois países. A informação é do diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, que participa da missão empresarial brasileira ao país, organizada pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil e Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, e que conta com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Este memorando de entendimento pode se constituir um dos mais exitosos e emblemáticos casos de cooperação sul-sul”, disse Sousa, considerando que o Brasil tem grande potencial para contribuir para o desenvolvimento de um programa de biocombustívies no país africano.
“Moçambique apresenta grande disponibilidade de terras aráveis e férteis, quase 30 milhões de hectares, além de uma localização geográfica privilegiada para o escoamento do etanol para a Ásia e Europa, que pode ser feito por meio dos três portos ao longo da sua costa”. O país importa atualmente quase 100% de sua demanda por combustíveis fósseis, a um custo estimado de US$ 700 milhões, em 2008.
De acordo com Sousa, “a produção de etanol de cana-de-açúcar pode reduzir o volume de importações de petróleo e ainda se tornar uma importante alavanca para o desenvolvimento, favorecendo a criação de empregos e auxiliando na geração de energia elétrica”. Os laços culturais e históricos com o Brasil e a facilidade do idioma, já que no país africano o idioma oficial também é o português, são elementos facilitadores do processo de transferência tecnológica e de potenciais investimentos de empresas brasileiras naquele país.
“No setor agronômico, o Brasil poderá apoiar na transferência e adaptação de diversas variedades de cana e auxiliar nas técnicas de manejo agrícola”, explicou Sousa, ressaltando ainda que Moçambique está situado na mesma faixa de latitude das áreas de lavoura brasileiras mais competitivas de cana-de-açúcar.
Outros segmentos potenciais para essa cooperação envolvem o processamento industrial, a logística e o setor automotivo, especialmente no caso dos motores flex. “A experiência brasileira no que tange ao desenvolvimento de um arcabouço institucional e ao aprimoramento de práticas socioambientais também pode ser objeto dessa cooperação”, destacou Sousa.