O grande desafio para a exportação do etanol de cana-de-açúcar do Brasil é a eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias, especialmente nos Estados Unidos e na União Européia. A afirmação foi feita por Eduardo Leão de Sousa, diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), durante a conferência “A educação ambiental e o futuro do mercado de biocombustíveis no Brasil”, realizado na quinta-feira (13/08/09), organizado pelo Jornal do Brasil e pela Casa Brasil, no Rio de Janeiro.
“Ainda há muito trabalho a ser feito para eliminar os obstáculos de exportação do etanol brasileiro. A UNICA tem agido de forma pró-ativa para mostrar os benefícios deste biocombustível limpo e renovável, e esperamos que as barreiras tarifárias e não tarifárias sejam eliminadas para facilitar o acesso do nosso etanol aos mercados consumidores”, afirmou Sousa.
cSoma-se a isso a proliferação de diferentes critérios de sustentabilidade para biocombustíveis, discutido em diversos países consumidores, particularmente na Europa, que pode gerar barreiras não-tarifárias com alto custo à produção brasileira se não conduzidas com equilíbrio.
Durante sua apresentação, o diretor executivo da UNICA mostrou vários fatores que, apesar das barreiras, contribuem para a consolidação do mercado internacional do etanol. “Este mercado, assim como de outros biocombustíveis, não nasce espontaneamente como ocorre com outras commodities. Ele surge a partir de motivações diversas, tais como preocupações relacionadas ao meio ambiente, segurança energética e/ou apoio ao desenvolvimento rural. Além disso, por meio do estabelecimento de políticas públicas que induzam ao consumo de um combustível mais limpo”, afirmou.
Eduardo Leão explica que o mandato de misturas obrigatórias do etanol na gasolina normalmente é o início de todo o processo. Países de todas as regiões do mundo já iniciaram programas com esta característica, e já existem mandatos de consumo e misturas de etanol de até 10% nos Estados Unidos, União Européia, Colômbia, Índia, Filipinas e diversas províncias na China. “O Brasil, que iniciou a obrigatoriedade da mistura nos anos 70, já se encontra em um estágio muito mais avançado de ´limpeza´ de sua matriz de transportes, com o sucesso das vendas do carro flex, que admite qualquer nível de mistura. Estou seguro que este deverá ser o caminho a ser seguido por diversos outros países”, acrescentou.
O seminário, que discutiu a redução da queima de combustíveis fósseis e o futuro mercado de biocombustíveis, contou com a participação também dos presidentes da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, do coordenador do Programa Rio Biodiesel da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Nelson Furtado e do diretor da ANP, Allan Kardec, entre outras personalidades.