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Bioeletricidade em pauta entre executivos do Brasil e Costa Rica

14 de agosto de 2009

A troca de informações entre executivos dos setores de energia elétrica do Brasil e Costa Rica pode ajudar o crescimento da oferta da bioeletricidade nos dois países. Esta é a percepção do assessor em bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar Souza, após mediar um encontro entre representantes do Instituto Costarriquense de Eletricidade (ICE) e integrantes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica do Brasil (CCEE), realizado na usina Iracema, em Iracemápolis (SP), na primeira semana de agosto.

Na usina associada à UNICA, os visitantes conheceram de perto o processo de produção: desde a colheita mecanizada até a fabricação de açúcar, com atenção especial para a geração de energia por meio da queima do bagaço da cana-de-açúcar. A visita foi acompanhada pelo gerente industrial da unidade, Nilton Albino Filho, e o especialista em energia do Grupo São Martinho, Thiago Gazoni.

Na opinião do assessor de bioeletricidade da UNICA, o intercâmbio entre estes profissionais é uma experiência valiosa pois permite “a compreensão da complexidade e particularidades do processo de co-geração, algo essencial para se elaborar regras de comercialização que estimulem o desenvolvimento comercial da bioeletricidade nos dois países”.

Incentivos à bioeletricidade

Assim como o Brasil, a Costa Rica também produz a eletricidade verde com a queima do bagaço de cana, embora a principal fonte na matriz elétrica do país seja hidroelétrica, com aproximadamente 80% de participação, seguida pela energia geotérmica com 14%.

O bagaço da cana contribui com menos de 1%. No Brasil, o perfil é semelhante no caso da fonte hidroelétrica,  que em 2008 foi responsável por 81% da energia ofertada no sistema. O gás natural ficou com 5,9% do total gerado, com a biomassa representando quase 5%.

Já existe uma política setorial definida para expansão da bioeletricidade na Costa Rica, cujo objetivo é substituir fontes térmicas convencionais que não apresentam balanço ambiental sustentável. “Essa política se justifica pelos benefícios que a co-geração agrega à sustentabilidade da matriz elétrica, principalmente em termos das reduções de emissões globais”, ressalta o executivo da UNICA. Além disso, segundo Zilmar Souza, a bioeletricidade é uma energia produzida predominantemente no verão de Costa Rica, justamente durante a safra do setor sucroenergético local, que começa em dezembro e termina em abril. “Neste período, devido à diminuição da geração de energia hidroelétrica, são utilizadas fontes mais caras e poluidoras, como diesel. A bioeletricidade se apresenta como uma ótima opção para a segurança no suprimento de energia elétrica nesta fase”.

Observado os benefícios econômicos e ambientais proporcionados pela geração da eletricidade verde, um dos principais incentivos para que projetos de co-geração avancem na Costa Rica tem sido reduzir o custo de conexão dos empreendimentos à rede elétrica. Para construir a rede de transporte até o ponto de conexão há um compartilhamento nos custos entre o sistema e o co-gerador. Com isso, o empreendedor arca com 50% da conexão, e o sistema elétrico como um todo subsidia a outra metade.

“No Brasil é diferente, os encargos de conexão são custeados plenamente pelo empreendedor, inviabilizando projetos de bioeletricidade que poderiam contribuir em muito com a sustentabilidade da matriz brasileira de energia elétrica. Este é um exemplo de sinal positivo que o marco regulatório brasileiro poderia proporcionar à bioeletricidade”, informa o especialista da UNICA.