Proporcionando inúmeros benefícios ao meio ambiente por ser limpa e renovável, a energia elétrica produzida da palha e do bagaço da cana-de-açúcar também cumpre um importante papel social. Desde 2012, por meio do Projeto Energia do Bem, usinas paulistas têm doado regularmente parte do excedente de energia gerada em suas caldeiras para o Hospital do Câncer de Barretos (HCB). Assim, a instituição, que é referência nacional em saúde, economiza anualmente mais de R$ 1 milhão em sua conta de luz (30% do total pago em energia elétrica).
Tendo como tradicionais parceiros as companhias sucroenergéticas Guarani, São José da Estiva, Pitangueiras, Virálcool, Ipiranga – associadas à União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) – e Santa Isabel, o Projeto Energia do Bem, idealizado há cinco anos pela gestora e comercializadora Comerc Energia, teve um importante reforço no final de setembro. O grupo chinês COFCO, também associado à UNICA, anunciou a sua participação na iniciativa, comprometendo-se a entregar gratuitamente 4.674,800 MWh, volume suficiente para suprir as unidades do HCB em Jales e Fernandópolis até dezembro de 2018.
“Ficamos sensibilizados com o trabalho do HCB e com a proposta do Energia do Bem, que fizemos questão de apoiar”, comenta o presidente global de açúcar da COFCO, Marcelo de Andrade.
Cada MWh fornecido sem custo pelas empresas do segmento canavieiro representa uma economia de R$ 250 para o HCB. Em 2016, foram feitos mais de 820 mil atendimentos para 151.881 pacientes oncológicos (crianças, adultos e idosos) vindos de 2.032 municípios e distritos brasileiros. Desde 2012, por meio do Projeto Energia do Bem, as empresas sucroenergéticas já doaram um total de 16.200 MWh para a instituição.
Segurança energética
O gerente em Bioeletricidade da UNICA, Zilmar Souza, ilustra o papel estratégico que a eletricidade gerada a partir dos resíduos agrícolas da cana desempenha na matriz energética nacional, principalmente por ser gerada próxima aos centros urbanos. Este fator atenua gastos com investimentos em infraestrutura de transporte e diminui perdas de transmissão, além do fato de a produção canavieira ocorrer durante o período de seca nos reservatórios das hidrelétricas e evitar emissões de gases de efeito estufa.
“Por conta do baixo regime hídrico vivido atualmente, a bandeira tarifária passou para a vermelha, no seu patamar limite, o que implica a cobrança de mais R$ 3,50 a cada 100 kWh consumidos pelos brasileiros. A situação só não é pior graças a biomassa sucroenergética, que continua contribuindo para que não haja um cenário ainda mais oneroso. De janeiro a setembro de 2017, somente o volume de energia obtido a partir da biomassa foi equivalente a economizar quase 13% da água nos reservatórios hidrelétricos do submercado Sudeste/Centro-Oeste, o principal do País, responsável por 60% do consumo nacional”, revela o especialista da UNICA. Em 22 de outubro último, os reservatórios no subsistema Sudeste/Centro-Oeste fecharam em apenas 18,99% em termos da capacidade total de energia armazenada.
De janeiro a dezembro de 2016, a eletricidade renovável da cana gerada para a rede foi equivalente a poupar 15% da água dos reservatórios hidrelétricos Sudeste/Centro-Oeste. As usinas sucroenergéticas brasileiras, todas autossuficientes em energia elétrica, exportaram 21,2 mil GWh em excedentes à rede, volume suficiente para iluminar 11 milhões de residências e evitar a emissão de 9 milhões de toneladas de CO2.