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Biomassa já representa 5% da oferta de energia no país

29 de outubro de 2009

Mesmo com participação restrita em leilões regulados, a biomassa, incluindo-se o bagaço de cana, lenha, lixívia e outras recuperações, já representa expressivos 5% da oferta interna de energia elétrica. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (22/10/2009) pelo presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank, durante o workshop “Integração da Bioeletricidade na Matriz Elétrica – Oportunidade de Oferta e Cenários para 2010 e 2011, promovido pela Companhia Operadora do Mercado Energético (Coomex), UNICA e Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), em São Paulo.

Segundo Jank, a bioeletricidade sucroenergética poderá atingir 10.158 MW médios exportados até a safra 2017/18, o que sinalizaria uma reserva de energia para o sistema elétrico superior ao produzido por ano em Itaipu. O executivo também ressaltou que, quando se avalia o potencial da bioeletricidade no estado de São Paulo, pode-se atingir 4.753 MW médios, ou seja, mais do que o total produzido por todas as usinas que compõem a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), a maior empresa de produção de energia elétrica do estado. “Tudo isso no coração do sistema elétrico, São Paulo”, afirmou Jank.

Para que toda essa reserva de bioeletricidade saia do papel é necessário adotar iniciativas que integrem uma política setorial adequada, alertou Jank. Entre essas iniciativas está a maior regularidade nos leilões específicos para a fonte bioeletricidade, com atenção aos projetos de modernização das instalações térmicas (retrofit) em usinas mais antigas, que, em sua maioria, representam uma oportunidade única para o Estado de São Paulo.

Além disso, há dificuldades com a conexão e o reforço das redes de transmissão e seria necessário adotar um preço-teto nos leilões regulados que incorpore os benefícios da bioeletricidade, sobretudo a complementaridade com a geração hidrelétrica e o balanço ambiental positivo, por proporcionar um considerável volume evitado de emissões de gases causadores do efeito estufa, ou GEEs.

Política pública

Segundo Jank, a ausência de uma política específica para o setor tem contribuído para um desempenho tímido da bioeletricidade nos leilões regulados. Exemplo disto é o ocorrido no último leilão de energia nova A-3, realizado no fim de agosto, quando foram comercializados 10 MW médios provenientes de apenas um empreendimento de bioeletricidade, apesar de o setor sucroenergético ter cadastrado 20 projetos, totalizando 995 MW em potência. Um dos principais fatores para ocorrer essa diferença entre o cadastrado e o efetivamente comercializado em leilão teria sido a divulgação do preço-teto admitido, que tem ocorrido sempre após a etapa do cadastramento.

Apesar do esforço do setor sucroenergético em cadastrar uma oferta significativa, a posterior divulgação do preço-teto tem provocado desestímulos aos investidores em bioeletricidade. “O que aconteceu no último leilão mostra que o setor tem condições de contribuir significativamente para a garantia de suprimento energético limpo para a sociedade, mas há necessidade de uma política setorial que inclua um preço remunerador e condições adequadas para a bioeletricidade”, avalia Zilmar de Souza, assessor em bioeletricidade da UNICA.