undefinedUma parceria estratégica entre o Brasil e a Austrália, envolvendo a indústria do etanol, pode trazer avanços para os dois países, acredita o ministro do Comércio australiano Simon Crean. Acompanhado de uma comitiva de nove pessoas, ele visitou na última sexta-feira (23/04) a sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo.
Segundo Crean, o governo australiano busca oportunidades na área de biocombustiveis, incluindo etanol de segunda geração. “Temos uma indústria de etanol em nosso país e acredito que existam enormes oportunidades de trabalhamos mais proximos do Brasil, em desafíos tecnológicos e debates internacionais, para fixarmos estratégias políticas para o desenvolvimento desta indústria,” afirmou.
Durante mais de uma hora, o grupo assistiu e debateu uma apresentação sobre a indústria sucroenergética brasileira conduzida pelo presidente da UNICA, Marcos Jank, e o diretor executivo da entidade, Eduardo Leão de Sousa.
Global Sugar Alliance
Jank destacou o trabalho que vem sendo desenvolvido com os australianos em diversas frentes, entre elas a Global Sugar Alliance, associação sediada em Londres que reune empresas, associações e ONGs ligadas à produção de cana-de-açúcar, e o bem-sucedido painel da Organização Mundial do Comércio (OMC) contestando a política européia para o açúcar.
“Mais recentemente, atuamos juntos rebatendo as exportações extraquota de açúcar pela Europa. Estamos convencidos da viabilidade de uma agenda comum com os australianos, que contemple também uma redução nas barreiras comerciais para o etanol brasileiro,” concluiu o presidente da UNICA.
Para Sousa, que participou recentemente de um simpósio sobre biocombustíveis na Austrália, o país é muito competitivo na produção de açúcar e deverá ser um importante ‘player’ no mercado internacional também do etanol, notadamente na Ásia, na medida em que a demanda se consolidar naquela região.
“Diferentemente do Brasil, a Austrália apresenta pouca disponibilidade de terra para expansão da produção, portanto o grande salto na produção de etanol naquele país deverá ocorrer somente a partir da viabilização econômica do etanol celulósico produzido a partir do bagaço da cana, algo esperado nos próximos quatro ou cinco anos,” comentou Sousa.
Comércio Bilateral
Crean esteve no Brasil após participar, como coordenador, de uma reunião do Grupo de Cairns, no Uruguai, coalizão que envolve os principais países exportadores de produtos agrícolas. O encontro teve a presença do diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, que participou após visita a uma usina de açúcar e etanol no Brasil acompanhada pela UNICA.
Durante a visita de três dias ao Brasil, a comitiva australiana trouxe ainda um discurso importante para o comércio bilateral. Em encontro com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Crean defendeu um acordo de liberalização de serviços entre Mercosul, Austrália e Nova Zelândia.
Há dois anos, Austrália e Nova Zelândia assinaram um acordo de livre comércio com os dez países da chamada Associação do Sudeste Asiático (Asean), um bloco com população de quase 600 milhões de habitantes e Produto Interno Bruto de cerca de US$ 1 trilhão. Segundo Crean, a Austrália vem mantendo negociações avançadas com a Coréia do Sul e busca acordos de livre comércio também com China e Índia.