A preocupação de que a produção de combustíveis a partir de fontes renováveis provoque danos à natureza tem sido frequente nas discussões sobre o tema e se repetiu no evento “Outlook for an Emerging Global Biofuels Market” (Visão de um Emergente Mercado Global de Biocombustíveis), realizado em Washington-DC e promovido pela U.S. Chamber of Commerce (Câmara de Comércio dos Estados Unidos).
Sobre o etanol de cana-de-açúcar, o diretor do escritório da UNICA nos Estados Unidos, Joel Velasco, apresentou estudos que comprovam o potencial de o Brasil atender às demandas de Europa e Estados Unidos, aumentando a área de cultivo sobre as pastagens degradadas existentes. “Hoje, o Brasil planta três vezes mais hectares de milho do que de cana e, ainda assim, temos terra suficiente para expandir a cana-de-açúcar, sem causar problemas ambientais”, disse o representante brasileiro da UNICA.
Velasco mencionou ainda três aprendizados fundamentais da experiência brasileira com o uso do etanol de cana-de-açúcar. Primeiro, a diversificação reduz a dependência dos combustíveis estrangeiros. Segundo, a gestão adequada do meio-ambiente é um ponto-chave para a segurança energética. E, em terceiro, a tecnologia pode reduzir custos, aumentar a produtividade e gerar demanda.
Durante o painel “Biofuels in the Western Hemisphere: Potential for Production and Trade” (Biocombustíveis no Hemisfério Oeste: Potencial para Produção e Comércio) foram apresentados também os esforços para promover a produção de biocombustíveis na região, além de questões relacionadas a investimentos privados e expectativas de negócios em médio prazo na região.
Além do representante da UNICA, participaram deste painel Greg Manuel, conselheiro especial do Escritório de Coordenação de Energia Internacional do governo americano; Leni Berliner, presidente da Energy Farms International; Fernando Cunha, gerente de biocombustíveis da Petrobrás; Juan Pablo Bonilla, do Inter-American Development Bank; e Mark Smith, da U.S. Chamber of Commerce. O evento teve como principal palestrante Samuel Bodman, secretário do Departamento de Energia americano.
A UNICA participa do evento dentro do escopo do projeto Apex-Brasil/UNICA, iniciado em janeiro deste ano, parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo do projeto Apex-Brasil/UNICA é promover a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável ao redor do mundo. As duas entidades assinaram convênio que prevê investimentos compartilhados no valor de R$ 16,5 milhões até o final de 2009.