Uma das principais entidades mundiais que vem se dedicando ao desenvolvimento de critérios para a certificação internacional de sustentabilidade dos produtos derivados de cana-de-açúcar, a Better Sugarcane Initiative (BSI, ou em português, ‘Melhores Iniciativas em Cana-de-Açúcar’), acaba de divulgar os resultados de seu trabalho. Até 30 de abril de 2009, os critérios estão disponíveis para consulta pública no site da entidade, que tem sua sede em Londres. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), maior entidade representativa do setor sucroenergético brasileiro, é uma das integrantes da BSI, que reúne representantes da cadeia produtiva da cana e de ONGs.
As consultas e contribuições ao trabalho desenvolvido pela BSI podem ser feitas pelo site http://www.bettersugarcane.org. A versão final dos padrões deverá ser publicada em novembro deste ano, para quando já é esperado o início dos processos de certificação.
Os padrões que medem a sustentabilidade da cadeia produtiva serão reavaliados após a consulta pública e os resultados dos projetos-piloto, com a inclusão de comentários que serão feitos pelas partes interessadas.
“Por ser o maior produtor mundial de açúcar e etanol de cana, é muito importante a participação do Brasil neste processo, para agregar sua experiência histórica nas várias etapas da cadeia de produção. Os integrantes do setor sucroenergético brasileiro devem aproveitar esta oportunidade para contribuir com seus conhecimentos e ajudar na definição e aperfeiçoamento dos critérios”, afirmou Géraldine Kutas, assessora internacional da UNICA.
Durante o período de consulta pública, a aplicação dos critérios propostos será experimentada em fazendas de cana-de-açúcar e usinas sucroenergéticas de vários países, com o objetivo de testar os princípios socioambientais aplicáveis em cada tipo de cenário. De acordo com o gestor de projetos do BSI, David Willers, em entrevista à agência ENDS – Environmental Data Services –, os padrões para meio ambiente deverão ser alterados por meio das consultas públicas e projetos-piloto. “Eu acredito que teremos discussões aprofundadas sobre as metas que estão bem-ajustadas e também sobre metas de aplicação universal e outras que necessitam de variações regionais”, disse.
Os padrões do BSI se diferenciam dos que já existem para outras lavouras por criarem métricas para o desempenho e, ainda, determinar metas. “Este fórum (BSI) é o mais adequado para desenvolver uma certificação mundial para produtos derivados da cana-de-açúcar e, por isso, a UNICA apóia a participação das empresas brasileiras do setor na definição desses critérios internacionais, que favorecerão os negócios de toda a cadeia produtiva dentro e fora do Brasil”, acrescentou Kutas.
Willers afirma que o padrão proposto criará mecanismos para medir o impacto da produção de cana-de-açúcar, o que um processo baseado apenas na produção não pode fazer. “Se uma fazenda não alcança as metas, os gestores devem pesquisar quais são as melhores práticas para adotá-las”.
Sobre os gases de efeito estufa (GEE), auditorias nas fazendas e plantações deverão examinar as emissões seguindo uma lista de fontes, como desmatamento, queima da cana e uso e manufatura de fertilizantes. “Os padrões não incluem as emissões de GEE provenientes da mudança indireta no uso da terra, porque não existe metodologia que tenha consenso científico para medir esses efeitos atualmente”, esclareceu Kutas.