A intenção da General Motors (GM) de testar no Brasil o carro híbrido Volt, premiado recentemente como “Carro do Ano” no Salão do Automóvel de Detroit, deveria contemplar a utilização da tecnologia flex. A avaliação é do consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, que argumenta: o motor flex tornaria o Volt ainda mais “ambientalmente sustentável.”
Para o consultor da UNICA, embora o desenvolvimento de veículos híbridos seja uma tendência irreversível, a indústria automobilística mundial ainda investe muito pouco na combinação dessa tecnologia com o etanol. “Um híbrido com motor flex de última geração representa uma excelente combinação entre a tecnologia de propulsão elétrica e a de combustão, pois associa duas formas de energia que contribuem significativamente para a redução de emissões de poluentes, além de melhorar bastante o consumo do etanol,” ressalta.
Algumas unidades do Volt serão importadas pela GM do Brasil para testes no país, de acordo com declarações do diretor da GM americana, Anthony Posawatz. “A intenção é fazer testes com o uso do etanol no novo modelo da GM,” disse ele em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Polivalente
O Volt é um carro tecnicamente descrito como “híbrido recarregável na tomada,” pois o sistema elétrico responsável pela tração do veículo também pode ser alimentado por baterias carregadas na rede elétrica existente, o que lhe dá uma autonomia de até 55 km, ou por meio de um motor de combustão movido a gasolina e um sistema de regeneração da energia dos freios, cuja energia mecânica é convertida em energia elétrica que alimenta as baterias.
“Havendo necessidade de percursos mais longos, o motor a gasolina entra em ação carregando continuamente as baterias e possibilitando uma autonomia total de até 600 km com um tanque de combustível” explica Szwarc, que conclui “Esse conceito pode ser fácilmente adaptado ao uso do etanol e a GM brasileira tem know-how para fazer isso.”
Na votação para o Carro do Ano em Detroit, o Volt concorreu com outros dois modelos “ecologicamente corretos”: o Hyundai Sonata, que possui uma versão híbrida, e o Nissan Leaf, primeiro veículo 100% elétrico produzido em escala industrial.
Subsídios
Os carros híbridos custam ainda muito caro no mercado brasileiro considerando-se o poder aquisitivo médio da população. Para as montadoras, a conta é salgada em razão do alto custo de produção do veículo, cujos componentes são em sua maioria importados de outros países. Para viabilizar o Volt no Brasil, a GM acredita que o governo federal deveria oferecer subsídios ao setor automotivo.
“Sem incentivos é praticamente inviável vender o Volt no mercado brasileiro,” afirmou a presidente da subsidiária da GM no Brasil, Denise Johnson, após dirigir a versão final do carro pelas ruas de Detroit pela primeira vez na segunda-feira (10/01).
No mercado americano, graças a incentivos governamentais, o Volt é vendido por US$ 33,5 mil. Sem os subsídios, o carro sairia por US$ 41 mil.