O CEO de uma das maiores empresas privadas de exploração e produção de petróleo e gás natural do mundo está pedindo a eliminação da tarifa de US$0,54 por galão imposta, pelo governo dos Estados Unidos (EUA), ao etanol de cana-de-açúcar importado do Brasil. Em uma entrevista concedida ao canal a cabo norte-americano, C-SPAN, nesta sexta-feira (19/06/09), o executivo da Anadarko Petroleum, James Hackett, afirmou que levará um tempo para que o mundo mude seu jeito de produzir e consumir energia, portanto, as autoridades devem começar a agir imediatamente.
“Levamos 100 anos para chegar aqui e levará algum tempo para sairmos disso”, disse ele, argumentando que os investimentos no etanol de milho, motivados politicamente, levaram os EUA a gastar bilhões de dólares em impostos, no que Hackett descreveu como “uma ciência que não funciona”.
Analisando a política energética e os desafios ambientais da nova administração norte-americana, Hackett concluiu: “Não deveríamos impor uma tarifa ao etanol de cana-de-açúcar, se queremos o etanol. Podemos recebê-lo do Brasil mais barato, com menos impacto ambiental e mais eficiência energética. Mesmo assim, não incentivamos isso e continuamos a subsidiar o etanol de milho quando a indústria está indo a falência. Isso é loucura.”
De acordo com o representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na América do Norte, Joel Velasco, com os preços da gasolina mais uma vez em ascenção, os pontos de vista de Hackett são dignos de consideração. Como aconteceu ano passado, ele afirma que os consumidores vão sentir, mais uma vez, na bomba, o verdadeiro custo das distorções do comércio causadas pela tarifa dos EUA sobre o etanol limpo e renovável do Brasil.
“O etanol de cana-de-açúcar pode ajudar a manter os preços da gasolina nos EUA sob controle. Mais importante, se os EUA estão levando as mudanças climáticas a sério, devem começar removendo as barreiras que restringem as importações de biocombustíveis, como o etanol de cana, que reduz as emissões de gases de efeito estufa em até 90% se comparado a gasolina”, disse Velasco. Ele concluiu com a pergunta: qual é a lógica em impor tarifas sobre a importação de energia limpa, enquanto petróleo importado pode entrar nos EUA sem impostos? “Desde o início da guerra do Iraque, o Brasil pagou mais de 500 milhões de dólares em tarifas para levar um combustível limpo aos EUA, enquanto alguns estados lucram ao vender seu petróleo, nos EUA, livre de impostos.”
No fim de 2008, a petrolífera Anadarko Petroleum possuía reservas de 2,28 bilhões de barris de petróleo equivalente. O portfólio de ativos da empresa inclui as primeiras posições nas 10 maiores reservas internas de gás dos EUA, produção e/ou exploração no Alasca, Argélia, Brasil, Gana, China, Indonésia e Moçambique. Anadarko é também a maior produtora independente em águas profundas do Golfo do México.