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Certificação de biocombustíveis só é válida em um mercado global estruturado

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10 de novembro de 2008


As discussões sobre a certificação dos biocombustíveis não devem se limitar à cana-de-açúcar, ou se restringir a um número reduzido de regiões produtoras. Além disso, é necessário considerar a importância da sustentabilidade econômica em conjunto com os aspectos ambientais e sociais. A posição foi defendida pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) em encontro do Roundtable on Sustainable Biofuels (RSB – Mesa Redonda sobre Biocombustíveis Sustentáveis), nos dias 6 e 7 de novembro de 2008, na Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo.


O presidente da UNICA, Marcos Sawaya Jank, participou dos trabalhos de consulta sobre a Minuta de Princípios e Critérios para a Produção Sustentável de Biocombustíveis (Versão Zero), promovidos pelo RSB. Para o assessor de meio ambiente da UNICA, Márcio Nappo, que acompanhou Jank, os aspectos econômicos precisam ser vistos com mais profundidade nas discussões de sustentabilidade.


“Só faz sentido a discussão de um processo global de certificação de biocombustíveis se houver a clara perspectiva do desenvolvimento de um mercado global de biocombustíveis. Para que isso ocorra, é fundamental discutir as políticas de subsídios e tarifas de importação aplicadas aos biocombustíveis pelos países desenvolvidos”, declarou Nappo.


De acordo com ele, a certificação em pauta na RSB não deve ser entendida como sendo apenas para o etanol de cana. “A certificação tem de considerar os outros biocombustíveis, afinal não estamos fazendo um julgamento da cana-de-açúcar”, ressaltou. “O que está sendo discutido, em uma visão mais ampla, é um procedimento global de certificação de biocombustíveis”, reforçou Nappo, acrescentando que a discussão deveria abranger diferentes matérias-primas e regiões produtoras do mundo inteiro. “Isso pode afetar a vida de milhões de pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento”.


Devido à importância do Brasil no cenário mundial dos biocombustíveis, a RSB, que tem sua sede em Lausanne, na Suiça, decidiu promover o evento presencial no Brasil. Para isso, foi convocada a Rede de Organizações da Sociedade Civil Brasileira sobre Biocombustíveis, que é formada por instituições com atuação específica sobre o tema. O grupo compartilha a missão de “promover o diálogo honesto e informado entre atores dos diferentes interesses representados, bem como acompanhar os processos públicos ou independentes para discussão de critérios e melhores práticas para produção e comercialização de biocombustíveis”.