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Certificação de sustentabilidade deve considerar as melhores práticas em cada região

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20 de outubro de 2008


As características próprias de cada região devem ser consideradas na avaliação de sustentabilidade das empresas, já que os parâmetros variam de país para país, tanto em condições naturais e métodos agrícolas como legislação. A tese foi defendida pelo representante na União Européia (UE) da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Emmanuel Desplechin, na 9ª Conferência GlobalGAP, durante sessão sobre Certificação de Sustentabilidade da Produção de Biomassa. O evento foi realizado em Colônia, na Alemanha, no dia 16 de outubro de 2008.


Desplechin afirmou que o setor sucroenergético do Brasil, com mais de 30 anos de experiência, não esperou que a UE ganhasse interesse pelos biocombustíveis para avançar na adoção de ações sustentáveis baseadas nas melhores práticas tanto ambientais, como sociais e econômicas. Sendo assim, de acordo com o executivo, as iniciativas da indústria devem ser reconhecidas dentro de seu contexto.


“Por meio de sistemas voluntários de certificação, muito mais poderá ser alcançado em termos de sustentabilidade. Afinal, o reconhecimento das melhores práticas de cada setor irá assegurar a aplicação concreta dos critérios de sustentabilidade, com base nas suas características locais, como condições e métodos de produção, assim como a legislação de cada país”, declarou o representante da UNICA.


Questionado sobre as precondições para aplicar a certificação, Desplechin lembrou que antes disso é preciso estabelecer os critérios de sustentabilidade específicos para a produção de biomassa. De acordo com ele, os critérios têm de ser definidos dentro de fóruns de múltiplas partes interessadas (do inglês, multistakeholders), além de se basearem em indicadores objetivamente mensuráveis e bases científicas, e não em situações hipotéticas.


Para Desplechin, depois de bem-definidos os critérios, uma certificação viável e crível deverá contar com requisitos balanceados, considerando os pilares da sustentabilidade, que são os aspectos social, ambiental e econômico. Os requisitos, diz ele, também devem ser balanceados de acordo com as características dos países em desenvolvimento, afinal qualquer certificação acaba sendo sempre mais onerosa quando empregada no hemisfério sul. “Diferentemente da União Européia, nesses países há questões locais que necessitam de respostas locais. Por isso, as certificações precisam ser graduais e dar tempo para as indústrias se adaptarem”, completou.


A sessão sobre Certificação de Sustentabilidade da Produção de Biomassa teve dois palestrantes: Jan Jenke, da alemã Meo Consult, e Chris Wille, da Rainforest Alliance. Participaram junto com Desplechin outros panelistas como Martina Fleckenstein, da WWF, Anderson Souza Figureido, do Grupo Vanguardia – Brazil, Christie Robert, da Malásia, e R. Vasuthewan, da Mission Biotechnologies. A sessão foi moderada por Rob Vierhout, secretário-geral da eBio, a associação de produtores de etanol da UE.


Durante o debate, a representante da WWF lamentou que as discussões a respeito da sustentabilidade da produção de biomassa estejam focadas em países tropicais, quando existem dúvidas sobre a conformidade cruzada utilizada para demonstrar a sustentabilidade da produção agrícola européia. Sobre isso, Desplechin expressou apoio à definição de “metas padrão” na Mesa Redonda de Biocombustíveis Renováveis (Roundtable on Sustainable Biofuels – RSB) e para o desenvolvimento de critérios mais específicos como os da Better Sugarcane Initiative (BSI), da qual a UNICA é membro.


R. Vasuthewan, da Mission Biotechnologies, também alertou para as possíveis tentativas de protecionismo da UE para evitar as importações de países em desenvolvimento por meio da imposição de critérios de sustentabilidade não-balanceados.


Desplechin participou do evento dentro do escopo do projeto Apex-Brasil/UNICA, iniciado em janeiro deste ano, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo do projeto Apex-Brasil/UNICA é promover a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável ao redor do mundo.