As chuvas que atingiram o Centro-Sul do Brasil na segunda quinzena de agosto causaram uma queda de 23,8% no volume de cana esmagada em relação à quinzena anterior, cujo total foi de 40 milhões de toneladas, contra 30 milhões de toneladas, volume registrado na segunda quinzena. Trata-se da menor moagem quinzenal verificada na região desde maio de 2009, um total também inferior em 20,29% à moagem da mesma quinzena na safra anterior.
A inversão nas condições climáticas anteriormente favoráveis na primeira quinzena do mês, interromperam a moagem em algumas regiões canavieiras em mais de 50% do tempo disponível. Os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná tiveram uma redução de moagem superior a 30% quando comparada com a moagem da primeira quinzena de agosto. Mesmo assim, o total acumulado desde o início da safra chegou a 318,12 milhões de toneladas em 31 de agosto, 12,49% superior ao total para o mesmo período da safra passada.
ATR
Por outro lado, em termos de produtos (quantidade total de açúcares totais recuperados), o crescimento é inferior, ficando em apenas 8,37%. A causa disso é a queda de 3,66% na quantidade de produtos obtidos por tonelada de cana esmagada na comparação com a safra do ano passado. O valor, que atingiu 135,79 quilos de açúcares totais recuperados por tonelada de cana na safra 2008/09, está em 130,82 na atual safra, ou seja, uma perda de 5 quilos por tonelada de cana processada.
Essa redução já equivale, em termos de produtos, a uma perda de moagem de 11,67 milhões de toneladas de cana em relação à safra anterior. Mantida essa condição até o final da safra, mesmo que a previsão inicial de 550 milhões de toneladas de cana moída seja realizada, o resultado final em termos de produtos será equivalente a uma moagem 20 milhões de toneladas inferior a esse total.
Açúcar e Etanol
A produção de açúcar na segunda quinzena de agosto foi de 1,849 milhão de tonelada, 22,56% inferior à da mesma quinzena na safra anterior, ficando o acumulado desde o início da safra em 17,234 milhões de toneladas, 16,33% superior ao acumulado da safra do ano passado. Até o final de agosto, 43,46% da cana-de-açúcar processada nesta safra foi direcionada para a produção de açúcar, ficando 56,54% da cana para a produção de etanol. A produção acumulada do biocombustível até o final de agosto atingiu 3,28 bilhões de etanol anidro e 10,487 bilhões de etanol hidratado.
Apesar do incentivo à produção de açúcar devido aos preços internacionais do produto, a destinação da matéria prima para essa finalidade na segunda quinzena de agosto foi reduzida em mais de dois pontos percentuais na comparação com a primeira quinzena, quando o percentual de cana direcionado para açúcar foi 46,66% da cana colhida, contra 44,26% na segunda quinzena.
A ocorrência já verificada de chuvas na primeira quinzena de setembro volta a sinalizar um comprometimento tanto do ritmo da moagem de cana no Centro-Sul quanto da quantidade de produtos obtidos por tonelada de cana. Diferentemente das dez últimas safras, a atual colheita está registrando os piores resultados na obtenção de produtos por tonelada durante os meses que, tipicamente, são os principais meses para concentração do teor de sacarose: julho, agosto e setembro.
Das 23 unidades com inicio de moagem previsto so longo na safra 2009/10, 18 unidades deverão estar em moagem até o final de setembro.
Mercados
Em agosto, o volume de etanol destinado ao mercado interno entregue pelas unidades produtoras da região Centro-Sul superou, pelo segundo mês consecutivo, o volume de 2 bilhões de litros, sendo 24,5% de etanol anidro e 75,5% de hidratado. No acumulado da safra (abril/agosto), as entregas para o mercado interno superam 9,8 bilhões de litros, que comparados com o mesmo período da safra anterior, representam um crescimento de 24,4% nas vendas de etanol hidratado, e uma redução de 0,73% nas entregas de etanol anidro.
Quanto ao volume destinado ao mercado externo, o volume acumulado no mesmo período é de 1,79 bilhão de litros, 25,66% inferior ao volume de 2,41 bilhões atingido no mesmo período da safra anterior. A redução nas exportações, de 67,4%, é do etanol anidro, enquanto no caso do hidratado houve um incremento de 24,75% no volume exportado. O volume de vendas no mercado doméstico é consequência de dois fatores: as vendas de veículos flex-fuel, que em agosto ultrapassaram 94% das vendas totais de veículos do ciclo otto, elevando a frota circulante de veículos flex no país ao patamar de 35% do total, e da competitividade do etanol hidratado frente aos preços da gasolina.
Em mais de 82% do mercado brasileiro, os preços praticados na bomba ficaram abaixo de 65% do preço da gasolina. A vantagem se estende a 95% do território nacional quando se considera apenas as regiões onde o preço do litro do etanol ficou abaixo de 70% do da gasolina.
O mercado interno de açúcar permanece estável, porém o volume das exportações brasileiras entre abril a agosto atingiu 10,11 milhões de toneladas, 24,08% acima do mesmo período no ano passado. O açúcar branco representou 27% do total exportado, e o açúcar bruto, 73%. Apesar do crescimento no volume das exportações, os volumes embarcados não guardam relação com os preços atuais da commodity no mercado internacional. Dados da Secretaria do Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, indicam preços médios de venda do açúcar brasileiro no período de abril a agosto em torno de US$ 14,57 centavos por libra peso, 15,3% acima dos preços de exportação registrados no mesmo período na safra anterior.
No final do mês de setembro, a UNICA divulgara sua nova expectativa de moagem e de produção de açúcar e etanol para a safra 2009/10.
Para acessar os dados da safra, clique aqui.