A sustentabilidade é a primeira condição a ser atendida para que o etanol brasileiro seja um produto aceito por consumidores europeus. A opinião é de Andris Piebalgs, comissário da União Européia (UE) para Energia e responsável pelo processo de análise e votação da Diretiva Européia, que vai definir os critérios para a produção, utilização e importação de energias renováveis pelos 27 países que compõe o bloco econômico.
Piebalgs foi recebido nesta quarta-feira (19/11/2008) para uma série de reuniões na sede da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) em São Paulo, onde concedeu entrevista coletiva para mais de 30 jornalistas da mídia brasileira e internacional ao lado do presidente da entidade, Marcos Sawaya Jank. O comissário defendeu a importância dos três pilares da sustentabilidade – social, ambiental e econômico – algo que, segundo ele, crescerá de importância na mesma medida do crescimento populacional.
“Hoje temos 6,5 bilhões de pessoas no planeta e chegaremos a 9 bilhões antes de 2015, o que tornará a relevância dos critérios de sustentabilidade ainda maior”, constatou.
O segundo passo para expandir o mercado de etanol, disse Piebalgs, “é a inclusão de 20% de energias renováveis na matriz da União Européia, até 2020, como determina a Diretiva”. Segundo ele, metade desses 20% se refere à área de transportes, o que inclui a substituição de gasolina e diesel por etanol e biodiesel, por exemplo, mas em proporções ainda não conhecidas. “Esta escolha será feita pelos consumidores europeus, pois poderemos, por exemplo, utilizar carros elétricos recarregados por fontes de origem renovável”, ressaltou.
“A cana tem vantagens sobre as outras matérias-primas para produção de etanol e certamente terá espaço no mercado, já que atende com sobra a determinação da Europa de redução de 35% nas emissões de CO2”, declarou Piebalgs, que visitou uma usina sucroenergética brasileira na terça-feira (18/11/2008), acompanhado por Jank e pela assessora internacional da UNICA, Géraldine Kutas.
“Foi muito importante o comissário visitar a usina Santa Adélia (Jaboticabal-SP) e ver de perto todo o processo produtivo, desde o plantio até a área industrial, o que deu a dimensão de como a fabricação do etanol é avançada no Brasil”, disse Kutas. “A sustentabilidade socioambiental e econômica do setor sucroenergético brasileiro, assim como todo o know-how de 30 anos na distribuição e uso do biocombustível, foram outros aspectos importantes apresentados para o comissário europeu”, concluiu.
A votação final da Diretiva no âmbito da União Européia deverá ocorrer em meados de dezembro de 2008 e as determinações que forem aprovadas terão forte influência, não apenas sobre o uso de combustíveis renováveis na UE, como também sobre os países que estão definindo a produção de energias renováveis e que podem vir a ser exportadores para os países europeus, como é o caso do Brasil.
Uma equipe de produção de vídeo da Comissão Européia acompanhou o comissário Piebalgs em sua visita à usina Santa Adélia, associada à UNICA, e preparou o conteúdo multimídia para ser veiculado na Europa. Clique aqui para assistir ao vídeo no site da Comissão Européia.