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Conferência em Washington sugere revisão de políticas decombustível

21 de outubro de 2010

O Brasil tem posição de destaque no que diz respeito à diversificação e atingiu a independência energética por meio de uma combinação de energias tradicionais e alternativas que incluem petróleo, nuclear, hidroeletricidade e etanol. Mas para manter o atual patamar de uso de combustíveis renováveis, o País precisa focar em soluções eficientes e de baixo custo para o desempenho das matérias-primas, além de estimular práticas sustentáveis e promover a concorrência global. As conclusões estão na apresentação feita pelo representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na América do Norte, Joel Velasco, durante o Washington Energy Summit realizado no dia 23 de setembro em Washington, nos Estados Unidos.

Participaram do evento autoridades governamentais dos Estados Unidos e de países estrangeiros, executivos da indústria de energia, ambientalistas e jornalistas convocados para analisar os desafios da segurança energética enfrentados por legisladores, bem como o papel a ser desempenhado por governos no processo de transição de combustíveis tradicionais para fontes renováveis. “Os Estados Unidos poderiam beneficiar-se de um mercado livre para os combustíveis renováveis para atingir suas metas de energia limpa, como as adotadas pela lei que define o mandato para o uso de biocombustíveis nos Estados Unidos (Renewable Fuel Standard, RFS),” ressaltou Velasco.

A lei vigente nos EUA determina a mistura de combustíveis renováveis à gasolina em percentuais que aumentam anualmente, atingindo 136 bilhões de litros (36 bilhões de galões) anuais até 2022. Desse total, 79 bilhões de litros (21 bilhões de galões) devem ser dos chamados “biocombustíveis avançados,” capazes de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em pelo menos 50% em comparação à gasolina. No início de 2010, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) designou o etanol de cana como biocombustível avançado, capaz de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em 61% comparado à gasolina.

Alternativa

As dúvidas levantadas durante o evento foram recorrentes. Foi questionado, por exemplo, se os biocombustíveis podem ser uma alternativa viável aos combustíveis fósseis sem subsídios governamentais, ou como um governo poderia agir para promover o uso de combustíveis alternativos em substituição aos fósseis. Tom Buis, presidente do grupo americano de lobby do etanol de milho Growth Energy, ofereceu uma resposta muito clara para essa questão: “A indústria de etanol de milho seria competitiva se as barreiras comerciais fossem removidas.”

O Washington Summit ocorreu em um momento importante, dado o recente desastre econômico e ecológico causado pelo acidente envolvendo a petroleira British Petroleum, no Golfo do México. Ao mesmo tempo, o Congresso americano avalia as políticas energéticas do país, como os subsídios ao etanol de milho que existem há 30 anos e custam US$ 6 bilhões por ano aos contribuintes, bem como a tarifa de importação ao etanol estrangeiro.

Foram expostas situações como, por exemplo, o fato de que na medida em que os efeitos das mudanças climáticas se tornam mais evidentes e a disponibilidade de combustíveis fósseis mais volátil, governos buscam cada vez mais a diversificação de suas fontes de energia para garantir suas necessidades futuras. O Brasil foi elogiado pelos debatedores por seus avanços consideráveis em termos de diversificação energética.

“Os países têm que investir em uma mistura de fontes de energia tradicionais e alternativas. O Brasil escolheu a opção `todas as anteriores´ e alcançou metas importantes, como a substituição de mais da metade de sua demanda por gasolina pelo etanol de cana,” concluiu Velasco.