Brasil e Colômbia devem intensificar as relações bilaterais na área agrícola, principalmente envolvendo os biocombustíveis, se almejam uma posição de maior destaque na América Latina e no cenário global. A ideia foi defendida pelo presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank, durante o 1º Fórum de Investimentos Brasil-Colômbia, realizado na quinta-feira (04/08), em Bogotá. O evento, organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), contou com a participação de diversas lideranças brasileiras, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckimin.
“A Colômbia tem grande experiência em irrigação e uma enorme variedade de cana-de-açúcar. Na agricultura, temos a possibilidade de transferência de tecnologia e intercâmbio em gestão de negócios. E na parte industrial, há espaço para melhorias no processo produtivo de açúcar e etanol, bioeletricidade, além do desenvolvimento de novos produtos como bioplásticos e diesel a partir da cana,” afirmou Jank.
Para o presidente da UNICA, os dois países podem trabalhar conjuntamente para promover, junto à indústria automotiva, a essencial busca por ganhos de eficiência no desempenho de motores Flex-Fuel, além de cooperar para abrir novos mercados e melhorar a comunicação, visando a transformação do etanol em commodity global. A troca de experiências envolvendo melhores práticas de sustentabilidade, a melhoria do ambiente pra novos investimentos e maior cooperação junto a entidades como a Organização Mundial do Comércio (OMC) também devem constar na agenda bilateral Brasil-Colômbia, segundo Jank.
Flex
O sucesso do carro flex mereceu destaque na apresentação do presidente da UNICA. “A tecnologia flex é uma realidade no Brasil desde 2003. Hoje, mais de metade da frota é composta de carros bicombustíveis, um ganho para o consumidor que pode optar na hora de abastecer. Isso sem contar os benefícios ambientais que somente o etanol brasileiro possui,” explicou. Segundo a Asocaña, entidade que representa o setor sucroenergético colombiano, o país deve comercializar veículos flex em 2014.
Jank participou de um painel denominado “Agrobusiness,” que teve como moderador o ministro da agricultura da Colombia, Juan Camilo Restrejo. Também participaram o presidente da Embrapa, Pedro Antônio Arraes, o governador do Ceará, Cid Gomes, o ex-ministro da agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues e o presidente da Natura, Guilherme Leal.
E20 em 2012
Desde 2005, 70% do território colombiano obedece a uma mistura obrigatória de 8% de etanol na gasolina, o chamado E8. O restante do território tem 10% de etanol misturado à gasolina. A Colômbia estuda aumentar a mistura para 20% em meados de 2012 para todo o país. A elevação do percentual de etanol é pesquisada por especialistas da Universidade Tecnológica de Pereira, com apoio do Instituto Colombiano de Petróleo (ICP-Ecopetrol).
Atualmente, segundo dados da Asocãna, para atender a demanda local, são produzidos cerca de 291 milhões de litros de etanol anualmente. Para isso, 220 mil hectares de cana-de-açúcar são cultivados no país, para abastecer a 13 destilarias.