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Cooperação Brasil-Índia é chave para avanço do etanol no mundo

2 de setembro de 2010

O trabalho conjunto de dois dos maiores produtores mundiais de cana-de-açúcar, Brasil e Índia, é crucial para tornar o etanol uma commodity global e uma alternativa sustentável de energia de baixo carbono em substituição ao petróleo. Esse foi o foco principal da participação do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank, nesta quarta-feira (01/09), do “Kingsman´s 2nd Indian Sugar Summit,” realizado em Nova Delhi, na Índia.

Diante de uma platéia de empresários e representantes de governo, Jank detalhou os resultados alcançados pelo setor sucroenergético brasileiro após vinte anos de desregulação. Ele afirmou que “a desregulacao deve ser um processo gradual e transparente, no qual os agentes possam se ajustar de forma adequada. É preciso também um conjunto de políticas públicas consistentes, capazes de estimular e atrair cada vez mais o setor privado para investimento no setor.”

Jank frisou que a cooperação entre os dois países é fundamental para derrubar uma série de barreiras comerciais impostas ao etanol e ao açúcar, particularmente pelos Estados Unidos e União Européia (UE). Ele lembrou que atualmente a  tarifa americana de US$0,54 por galão (3,78 litros) de etanol importado eleva o preço do biocombustível e o torna menos competitivo no mercado americano.

Na UE, a tarifa sobre o etanol produzido no Brasil é de € 0,19 por litro. Soma-se a isso a disseminação de diferentes critérios de sustentabilidade para os biocombustíveis, discutidos em diversos países consumidores, particularmente na Europa, algo que pode gerar barreiras não-tarifárias com alto custo para a produção brasileira.

Cooperação entre agentes

O presidente da UNICA abordou também os desafios da bioeletricidade e de gestão para estruturar uma boa e eficiente cadeia de suprimentos na indústria da cana. A Índia é um caso peculiar neste último item, explica Jank, pois sua produção de açúcar está calcada na utilização de milhares de agricultores, a maioria de características familiares.

“O bom exemplo do Consecana no Brasil pode e deve ser replicado na Índia, um modelo no qual todos os envolvidos no processo produtivo administram os riscos, com ganhos e perdas divididos igualitariamente,” informou.

Quanto à bioletricidade produzida com o bagaço de cana, Jank acredita que há imensos desafios à frente em um horizonte de longo prazo. Para ele, este nicho sempre dependerá de alguma regulação de governo, o que não significa que deixe de haver transparência e maior liberdade para uma produção voltada para o mercado.

“Temos muito por fazer nesta área, sem esquecer que vivemos o paradoxo de possuir uma alternativa limpa com a cana e ainda vermos a utilização de soluções sujas, como as termelétricas e o uso de carvão,” finalizou.