A América Latina precisa aproveitar melhor sua vantagem competitiva de produzir um combustível de baixo carbono que é almejado por todo o mundo. A proposta foi defendida nesta terça-feira (15/12) pelo presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank, em evento paralelo organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) durante a 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 15), em Copenhague, na Dinamarca.
“Países latino-americanos têm mais a ganhar do que perder com o mundo de baixo carbono, pois possuem enorme potencial hídrico, geotérmico, eólico e de biomassa”, afirmou Jank. Ele frisou que todos os países podem produzir energia a partir de fontes renováveis, e os modelos de sucesso existentes devem ser replicados. “A cana-de-açúcar e o etanol são uma oportunidade real”, enfatizou.
Efeito estufa
No mesmo raciocinio, Leandro Alves, chefe de equipe do BID, afirmou que seria preciso manter a América Latina com os menores níveis de emissões de gases do efeito estufa do planeta. Para tanto, “é importante que subsidios aos combustíveis fósseis sejam elminados”.
Ele também afirmou que o recente problema de abastecimento de energia no Brasil ocorrido em novembro, o chamado “apagão”, mostra que é preciso um novo modelo de geração de energia elétrica, no qual a produção deve ser descentralizada.
Já o ministro de Energia do Chile, Marcelo Tokman, que também participou do evento, citou a experiência de seu país, cuja matriz energética é 24 % renovável. Além disso, disse que é importante que se estabeleça um aparato legal e de políticas públicas que permitam a ampliação da oferta global de energias renováveis.
Mesa Redonda
Nesta terça-feira, a Assessora Sênior do Presidente do UNICA para Assuntos Internacionais, Géraldine Kutas, participou como especialista em biocombustíveis de uma mesa redonda organizada pelo Centro Internacional para o Comércio e Desenvolvimento Sustentável (ICTSD, na sigla em inglês), cujo título era “produção e uso de energia limpa: mesclando as regras do comércio internacional e marcos regulatórios”.
“É fundamental que os países reavaliem a adequação das suas políticas comercias e de combate às mudanças do clima. O etanol de cana brasileiro, que tem uma redução de gases de efeito estufa comprovada de mais de 90%, não pode continuar enfrentando altas barreiras tarifárias nos países que fazem da redução das suas emissões uma prioridade”, afirmou Kutas.
“O etanol precisa ser tratado como uma solução energética limpa e não mais como um bem agrícola, assim como todas as barreiras tarifárias e não-tarifárias que são aplicadas a esse setor”, concluiu Kutas.
A participação da UNICA na COP-15 acontece dentro do escopo do projeto Apex-Brasil/UNICA, iniciado em janeiro de 2008. Trata-se de uma parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), para promover a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável ao redor do mundo. A UNICA estará presente no Pavilhão Brasileiro (Hall C7, Bella Center).