Diesel de cana marca presença no Rock in RioRock e sustentabilidade, um casamento que a princípio deu certo no Rock in Rio com o apoio da Coca-Cola, que utilizou diesel de cana-de-açúcar como combustível para transportar suas bebidas à Cidade do Rock, no Rio de Janeiro. O consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, lembra o potencial de redução das emissões de gases de efeito estufa com o uso de combustíveis que utilizam a cana em sua produção: até 90% a menos de dióxido de carbono (CO2) se comparados aos combustíveis de origem fóssil.
“Tomando como exemplos as experiências iniciadas no Brasil, países como Suécia, Noruega, Finlândia e Tailândia já adotaram medidas semelhantes com o objetivo de diminuir a dependência por petróleo no setor de transportes e, consequentemente, os efeitos do aquecimento global,” ressalta o especialista.
Considerado um dos maiores festivais de música do mundo, a 12ª edição do Rock in Rio, realizado no Parque Olímpico Cidade do Rock entre 23 de setembro a 02 de outubro, promove um Plano de Sustentabilidade e o Carbono Zero. São ações que visam garantir destinação final adequada a 100% dos resíduos gerados durante o evento, sem prejuízos ao meio ambiente. A neutralização de todas as emissões de carbono produzidas pelo deslocamento de pessoas e materiais, além da energia gerada nas apresentações musicais, é outro objetivo.
Três caminhões da empresa Rio de Janeiro Refrescos, responsáveis por abastecer o Rock in Rio com bebidas da Coca-Cola durante os sete dias do festival, são parte deste contexto. Após o festival, a intenção da empresa é ampliar a experiência para 10 caminhões, que vão utilizar uma mistura de 30% do diesel renovável. “O diesel de cana já é uma realidade com misturas de 10% e de 20% com o diesel comercial,” afirma Alfred Szwarc.
Modelo de transporte renovável
No Brasil, que possui uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta devido ao uso de produtos obtidos da cana, cerca de 50% do combustível utilizado por veículos leves no país já é etanol. É o mesmo etanol utilizado por 50 ônibus urbanos fabricados pela Scania, que circulam desde maio na cidade de São Paulo. A metrópole também adotou recentemente o diesel renovável produzido pela empresa Amyris do Brasil em 160 ônibus que integram o sistema de transporte público municipal. A iniciativa faz parte do Plano Diretor paulistano, que prevê a substituição de todo o combustível fóssil utilizado no transporte urbano por opções renováveis até 2018.
Ônibus movidos a diesel de cana também foram adotados no Rio de Janeiro (RJ), considerada a cidade mais poluída do Brasil em levantamento divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no final de setembro. Desde julho deste ano, os cariocas misturam 30% do diesel de cana ao convencional em 20 veículos urbanos que rodam pela capital fluminense. Os resultados do programa, ainda em caráter experimental, serão apresentados na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada na cidade em junho de 2012.