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Dilma Rousseff quer discutir investimentos com o setor

15 de junho de 2012

“O setor sucroenergético passa por um momento de recolocação, uma etapa que exige ampliação nos níveis de investimento, e o nosso próximo encontro versará sobre isso.” Assim se manifestou a presidente Dilma Rousseff nesta quinta-feira (14/06), em Brasília, em discurso no Palácio do Planalto encerrando a cerimônia de entrega do Selo “Empresa Compromissada” a 169 usinas signatárias do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar.

“O Brasil já mostrou que tem condições de entregar etanol 365 dias por ano, 24 horas por dia. Graças ao etanol, temos uma das matrizes energéticas mais renováveis do planeta,” ressaltou a presidente da República.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) foi representada no evento pelo presidente do Conselho Deliberativo, Pedro Parente, que em seu discurso, destacou a qualidade do diálogo atingido entre trabalhadores, empresários e o governo no âmbito do Compromisso Nacional e elogiou a maturidade institucional atingida pelo Brasil, usando como exemplo a continuidade do Compromisso, iniciado no governo Lula e levado adiante na gestão de Dilma Rousseff.

Parente também lembrou que a realização da Conferência Rio + 20 no Brasil representa uma oportunidade importante para “reafirmarmos a supremacia do etanol sobre qualquer outro combustível, incluindo os demais combustíveis renováveis, considerando seus benefícios que não são apenas ambientais.” E completou reafirmando a disposição do setor sucroenergético para colaborar com o governo no encaminhamento de medidas que agilizem a retomada de investimentos para ampliar a produção de etanol e bioeletricidade no País.

“Estamos prontos para assumir compromissos para o sucesso da parceria, e tenho certeza de que essa é uma demanda em que também se associam os trabalhadores e empresários aqui presentes,” completou Parente.

Também discursaram no evento o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o presidente da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), Elio Neves, o diretor da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antonio Lucas Filho, e o coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético, Luiz Custódio Cotta Martins. A cerimônia foi concluida com a entrega simbólica, por Dilma Rousseff e pelo presidente do Senado, José Sarney, de 12 certificados a empresas do setor sucroenergético representando diferentes regiões do País.

Retomada de investimentos

Mesmo sem data definida para o novo encontro citado pela presidente Rousseff, a afirmação foi bem recebida pelo diretor técnico e presidente interino da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, presente ao evento que reuniu mais de 600 pessoas entre trabalhadores, sindicalistas, empresários, parlamentares e autoridades governamentais de diversas áreas.

“Este diálogo com o Governo é fundamental para definirmos políticas que ofereçam segurança no aporte de investimentos de longo prazo. A posição da presidente reconhece a importância estratégica que o setor sucroenergético tem para o País,” ressaltou o executivo.

Segundo Padua, nos últimos dois anos houve um distanciamento entre a produção de etanol e a demanda crescente pelo produto, situação causada por múltiplos fatores, como os reflexos da crise financeira internacional de 2008, problemas climáticos e a falta de renovação dos canaviais.

Até 2020, de acordo com estimativas da UNICA, a produção de cana no País teria que praticamente dobrar, atingindo cerca de 1,2 bilhão de toneladas por ano, apenas para atender o aumento da demanda por etanol e manter a posição brasileira no mercado mundial de açúcar: metade de todo o açúcar comercializado mundialmente é produzido no Brasil. Para que isso aconteça, serão necessários investimentos de R$ 156 bilhões e a construção de 120 greenfields, ou novas usinas de processamento de cana.

Compromisso Nacional

Desenvolvido e lançado em 2009 por iniciativa do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Compromisso Nacional é um acordo tripartite inédito envolvendo empresários do setor sucroenergético, trabalhadores e o Governo Federal.

O Compromisso identifica práticas trabalhistas já adotadas por empresas do setor que vão além dos padrões determinados por lei e as torna obrigatórias para as empresas signatárias. O objetivo é disseminar a adoção dessas práticas, contribuindo para o aprimoramento contínuo dos padrões trabalhistas do setor sucroenergético.

A entrega dos Selos ocorre após um intenso trabalho de auditoria realizado pelas empresas Audilink Auditores, Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes e Ernst & Young Terco Auditores Independentes, KPMG Auditores Independentes e UHY Moreira Auditores. As auditorias continuam até que todas as 255 usinas que já aderiram ao Compromisso Nacional sejam verificadas. Enquanto isso, o número de adesões continua crescendo e a expectativa é de que a grande maioria das cerca de 430 usinas em atividade no Brasil se tornem signatárias.