O Brasil é uma potência energética emergente de grande importância para os Estados Unidos (EUA) e o etanol de cana-de-açúcar brasileiro pode ter um papel importante na diversificação dos combustíveis no futuro. Essa opinião é do diplomata americano Thomas Pickering, que participou como palestrante nesta sexta-feira (05/12/2008) de uma conferência sobre as perspectivas da relação entre Brasil e Estados Unidos durante a administração de Barack Obama, organizada pelo Instituto Brasil do Woodrow Wilson International Center for Scholars, em Washington.
O diplomata, que é co-autor do Brookings Institute Report (clique aqui e leia mais) sobre as relações dos Estados Unidos com a América Latina, divulgado em 24 de novembro, defendeu o fim da tarifa de 54 centavos de dólar por galão de etanol importado pelos EUA. O representante-chefe da brasileira União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na América do Norte, Joel Velasco, que também participou da conferência, concordou com a visão apresentada por Pickering e reforçou a necessidade de eliminação da tarifa cobrada sobre o etanol de cana.
“Não faz sentido limitar a entrada de um combustível limpo e renovável, enquanto todos os portos americanos estão abertos para o petróleo. Desde o inicio da guerra no Iraque (2003) o etanol brasileiro pagou aos cofres americanos mais de meio bilhão de dólares em tarifa”, afirmou Velasco, completando: “o fim da tarifa pode contribuir decisivamente para que se possa aumentar a segurança energética dos EUA e ao mesmo tempo mitigar o aquecimento global”.
Outro palestrante, o embaixador americano no Brasil, Clifford Sobel, abriu a conferência ressaltando a importância do memorando de entendimento (MoU) de março de 2007 entre Brasil e EUA na área de bicombustíveis. Sobel disse que ainda há muito a ser feito e que existem outras oportunidades para cooperação na área de energias renováveis. Sobel citou os projetos de lei do senador Richard Lugar e do deputado Eliot Engel como dois marcos importantes nessa cooperação. De acordo com o embaixador, o presidente eleito, Barack Obama, tem como um de seus objetivos unir as Américas em uma nova parceria energética.
O embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Antonio Patriota, também ressaltou a importância do MoU e de novas parcerias em energia renovável. Patriota ressalvou, porém, que a relação entre Brasil e Estados Unidos ainda não goza de total liberdade em torno de uma parceria estratégica. O diretor de relações institucionais da ETH Bioenergia e ex-presidente da UNICA, Eduardo Carvalho, frisou que não haverá discussão e parcerias produtivas enquanto os EUA continuarem a impor tarifa à importação do etanol brasileiro. Para ele, é preciso derrubá-la para atingir parcerias relevantes entre os dois países na área de segurança energética. Velasco acrescentou: “não é questão de substituir o etanol de milho, mas abrir espaço para que uma parte das necessidade americanas sejam atendidas pelo Brasil”.