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Emissões de carros flex: Imprensa reavalia argumentos nessa semana

22 de setembro de 2009

Boa parte da mídia nacional está gradativamente reavaliando os resultados do estudo divulgado pelo  Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), que concluiu que automóveis flex que usam gasolina em vez de etanol poluem menos. O estudo, divulgado no dia 16/09 pelo Ministério do Meio-Ambiente, foi duramente criticado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) por utilizar uma metodologia que não leva em conta a emissão de gases causadores do efeito estufa e outros poluentes importantes, o que permitiria uma avaliação mais precisa.

“O que assistimos nos últimos dias foi uma saraivada de matérias cuja fonte primária foi o estudo divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente, inicialmente sem a essencial preocupação de se ouvir outras opiniões e de se questionar, construtivamente, o que estava sendo divulgado. Na medida em que se tomou conhecimento dos detalhes do estudo, outros pontos de vista foram surgindo e sendo considerados, inclusive o nosso, e ficou claro que o trabalho tem falhas e carências graves,” explicou o presidente da UNICA, Marcos Jank.

Neste domingo (20/09/2009), o programa Fantástico, da TV Globo, levou ao ar uma matéria abordando o problema de forma mais completa e equilibrada , discutindo também a eficácia dos motores flex. Os argumentos – e as conclusões – já eram bem diferentes dos apresentados inicialmente por jornais como Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, que se limitaram a apresentar o ranking dos automóveis baseado no estudo divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente.

O questionamento do estudo e principalmente do “ranking” de automóveis mais e menos poluentes, teve início no dia 18/09 em um debate na redação do jornal O Estado de S. Paulo, transmitido ao vivo pelo Portal do Estadão na internet. O encontro teve a participação do consultor de Emissões e Tecnologia da UNICA, Alfred Szwarc, do professor da Escola Politecnica da Universidade de São Paulo, Francisco Nigro e do diretor do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), André Ferreira, que admitiu que o estudo realizado por seu instituto apresenta falhas e omissões e precisa ser aperfeiçoado.

Durante o debate, Szwarc declarou que o estudo do Iema traz “problemas na metodologia do ranking proposto, gerando desinformação, uma polêmica desnecessária e inútil. Não se pode comparar abacaxi com banana.”  Um dia antes do debate no Estado, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, procurou se justificar durante evento em Brasília em longa declaração referente aos detalhes do estudo (Mais detalhes aqui – link para a matéria sobre declarações do Minc).  Entre outros aspectos abordados, Minc afirmou: “É para deixar bem claro que o álcool polui menos que a gasolina e o álcool não emite nada de CO2 porque o seu ciclo completo neutraliza completamente o CO2”, afirmou o ministro.

Nesta segunda-feira (21/09/2009), o tom da cobertura de vários veículos já era bem diferente, com questionamentos incisivos sobre o estudo e os danos que a divulgação, sem um embasamento que permitisse tais conclusões, causou perante a opinião pública brasileira e internacional. É o caso da notícia publicada pelo Jornal da Tarde, diário paulista do mesmo grupo do jornal O Estado de S. Paulo. A matéria exibia a seguinte manchete: “Ranking de emissões é inútil.”