Estimular as políticas regionais do etanol e intensificar ações globais que possam tornar o biocombustível uma commodity: essas foram as prioridades defendidas pelas principais entidades do mundo que representam produtores de etanol, durante o F.O.Licht’s World Ethanol and Biofuels Conference 2013, evento realizado no início de novembro em Munique, na Alemanha. A favor desse posicionamento estão a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a Renewable Fuels Association (RFA) dos Estados Unidos e a ePURE – European Renewable Ethanol. A multinacional alemã Clariant, que desenvolve tecnologias para a produção de etanol celulósico, apoiou as três entidades.
“Os atrativos ambientais do etanol já são conhecidos. Agora faltam medidas concretas e de longo prazo que possam dar aos produtores uma sinalização mais clara do que a sociedade espera deste biocombustíveis na matriz de transporte mundial,” explicou o diretor Executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, representando a entidade durante o painel ‘Análise Econômica e Política da Indústria Global de Biocombustíveis.’ O evento contou ainda com o presidente da RFA, Bob Dinneen, o secretário geral da ePure, Rob Vierhout e o vice-presidente do Centro de Biotecnologia e Produtos Renováveis da Clariant, Andre Koltermann.
Sousa iniciou sua apresentação mostrando que ainda há importantes desafios para os programas mundiais de biocombustíveis. Segundo ele, a taxa de crescimento da produção global do etanol nos últimos cinco anos (2008-2013) foi da ordem de 27%, apenas um quarto da taxa do quinquênio anterior, que atingiu quase 100%. Além disso, destacou a forte concentração do consumo no mundo.
“Apesar de quase 60 países já adotarem programas de biocombustíveis, somente as regiões representadas pelas três associações presentes neste painel, ou seja, Brasil, Estados Unidos e Europa, consomem quase 90% da produção global. Quando virá a produção e o consumo na África e Ásia, por exemplo?”, questionou o executivo.
Segundo Sousa, três fatores ajudariam a explicar este quadro. “O primeiro importante fator foi a crise financeira de 2008 que deixou sérias sequelas na indústria em todo o mundo, a qual se encontrava em um período de franca expansão e elevados investimentos. O segundo aspecto são as novas descobertas de petróleo, aliadas às fontes não convencionas, a exemplo do gás e petróleo de xisto nos EUA,” afirmou.
“Finalmente, a ausência de políticas claras e de longo prazo, como a que estamos vivenciando no Brasil, e as atuais revisões das regras do jogo nos EUA e Europa, tem sido as principais responsáveis pela falta de apetite para novos investimentos no setor e pelo comércio global reduzido, que ainda representa 10% da produção total. Infelizmente, se nada for feito, há o risco de este espaço ser ocupado por combustíveis fósseis e poluentes. Seria um irreparável retrocesso no combate ao aquecimento global,” concluiu Sousa.
Os representantes das demais associações abordaram seus esforços para abrir novos mercados e derrubar barreiras, e juntos concordaram sobre a importância de se criar uma agenda global para o etanol, como forma de buscar o aumento contínuo da demanda.
A participação do diretor Executivo da UNICA foi mais uma iniciativa da parceria entre a entidade e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para disseminar o etanol brasileiro no mundo como um biocombustível limpo e renovável.