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Estado alemão da Baviera busca liderança no uso de biocombustíveis

4 de novembro de 2011

Delegação alemã do Estado da Baviera assiste apresentação sobre o setor sucroenergético na sede da UNICA (Cortesia UNICA/ Cleide Viana)Os protestos de uma minoria contra a mistura de etanol na gasolina na Alemanha devem ficar no passado. Pelo menos é o que dirigentes da Baviera, maior estado alemão, avaliam para os próximos onze anos, quando novas alternativas sustentáveis de energia devem ser incorporadas ao país, acredita Emilia Müller, secretária de Estado para Assuntos Federais da Baviera. Acompanhada de uma delegação de 14 pessoas, ela esteve na quinta-feira (27/10) na sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo, para ouvir um pouco mais sobre a experiência brasileira.

“Em 2011 a Alemanha introduziu o E10, que é a mistura de 10% de etanol na gasolina. O pouco conhecimento sobre a mistura gerou dúvidas, e o que tinha tudo para ser um sucesso acabou não tendo o resultado esperado. Tentamos agora algo um pouco mais ambicioso, que é mudar até 2022 esse conceito e introduzir energias renováveis no dia a dia da população,” explicou Muller.

Em janeiro, vários protestos pontuais tiveram repercussão na mídia alemã, particularmente entre os mecânicos  de automóveis e mesmo o público em geral. Um dos falsos argumentos utilizados é de que o E10 poderia causar danos aos motores dos automóveis. Para a secretária da Baviera, uma das formas de contornar o problema seria disseminar ainda mais o uso de biocombustíveis com a ajuda da indústria automobilística alemã. “Quanto mais acesso a dados a população tiver, melhor será,” diz ela.

Diretiva Europeia

A mistura mandatória do etanol à gasolina adotada na Alemanha fez parte de um pacote de medidas criado pelo governo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor de transporte, e ao mesmo tempo reduzir o uso dos combustíveis fósseis, conforme estabelecido na Diretiva Européia sobre Energias Renováveis (RED, na siga em inglês).

 

Segundo a regulamentação, 20% de toda a energia consumida no continente europeu deve provir de fontes limpas até 2020.

Para Muller, o exemplo do setor sucroenergético brasileiro pode servir ao seu país. “A Alemanha e mais ainda a Baviera estão em busca de alternativas que possam ser utilizadas no lugar da energia nuclear. Os feitos da indústria de cana-de-açúcar implementados em São Paulo, vistos na produção do etanol e da bioeletricidade, são estímulos de que é possível utilizar outro tipo de energia, sem perder a qualidade,” explica Muller.

Além do processo de produção do etanol e da bioeletricidade, a comitiva, que foi recebida pelo diretor de Comunicação Corporativa da UNICA, Adhemar Altieri, manifestou interesse pela cadeia produtiva, a tecnologia Flex e os impostos que regulam o biocombustível.

Para Altieri, as dúvidas são relevantes e reforçam a posição do setor no cenário mundial. “O programa de etanol desenvolvido pelos brasileiros desperta curiosidade em todo o mudo, por isso é essencial detalhar as qualidades e a realidade do setor,” explica o diretor da UNICA.

Energia Atômica

Cerca de 22% da energia consumida em toda a Alemanha é fornecida por usinas nucleares, índice que na Baviera chega a superar os 50%. A dependência dessa fonte energética e a possibilidade de acidentes nucleares fizeram com que o governo alemão anunciasse, em maio de 2011, o fechamento – previsto para acontecer ao longo dos próximos dez anos – das 17 usinas nucleares existentes no país. Complementando a medida, o governo alemão pretende ampliar a participação de fontes renováveis, dos atuais 16% para 80% em 2050.

“Temos uma tarefa difícil que é convencer a população sobre o uso das energias limpas, mas estamos otimistas. Acreditamos que a questão da sustentabilidade será crucial para essa adaptação,” concluiu a secretária da Baviera.