A expansão da cultura de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil se dará de acordo com os padrões de sustentabilidade já existentes no país. É o que conclui o estudo “Implicações dos padrões de sustentabilidade dos biocombustíveis para o Brasil”, realizado em dezembro de 2009 e prestes a ser divulgado pelo Winrock Internacional, instituto internacional sediado nos Estados Unidos dedicado à inclusão social, ampliação de oportunidades econômicas e preservação de recursos naturais.
De acordo com o documento, “dada a substancial estrutura legislativa e o número de iniciativas voluntárias já implementadas no Brasil, é improvável que a conformidade com padrões internacionais de sustentabilidade seja um obstáculo para a conquista de uma indústria de biocombustíveis sustentável.”
Para Géraldine Kutas, assessora sênior para assuntos internacionais da presidência da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), este estudo comprova internacionalmente a sustentabilidade da produção do etanol de cana-de-açúcar. “O documento mostra que o País está pronto para a adoção e implementação de padrões internacionais de sustentabilidade, desde que haja harmonização e embasamento científico.”
O trabalho identifica ainda os impactos positivos socioeconômicos que os biocombustíveis podem ter no Brasil, como a geração de cerca de 4,1 milhões de empregos e aumento no Produto Interno Bruto (PIB) local. Também foi destacada a ausência de impactos negativos para a produção de alimentos em áreas de expansão da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil.
Expansão sustentável
As análises do estudo indicam que cerca de 790 milhões de hectares são adequados para o crescimento da cana, com base somente em critérios geofísicos. Excluídas florestas, áreas de pantanal e áreas protegidas, com alta erosão e riscos de inundação, a área disponível considerada de expansão sustentável diminui para cerca de 100 milhões de hectares, que podem produzir aproximadamente 683 bilhões de litros de etanol, presumindo-se a produção de 6794 litros de etanol por hectare.
A adoção de critérios de sustentabilidade reduzirá ainda mais este valor. No entanto, o uso de 25% de pasto e pastagens degradadas (cerca de 12,6 milhões de hectares) adequadas à produção de cana-de-açúcar produziria cerca de 85 bilhões de litros de etanol, além dos 27 bilhões de litros já produzidos. Este valor é três vezes maior que a demanda nacional de gasolina e ultrapassa as projeções da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (OECD-FAO) para demanda doméstica e exportações do Brasil em 2017.
Atualmente, toda a cana cultivada para a produção de açúcar e etanol ocupa apenas 2,4% das terras aráveis do Brasil, sendo pouco menos de metade dessa área dedicada ao etanol. “Com pouco mais de 1% da terra agricultável, o Brasil hoje já substitui mais de 50% da demanda nacional de gasolina, um resultado altamente eficaz e reconhecido no mundo todo como demonstração do grande potencial que há na produção sustentável do etanol de cana-de-açúcar,” concluiu Kutas.