Um estudo publicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) foi bem-vindo pelo setor sucroalcooleiro do Brasil. O trabalho intitulado “Avaliação Econômica de Políticas de Suporte ao Biocombustível” atesta os benefícios do etanol de cana-de-açúcar em termos de redução de gases de efeito estufa e conclama governos a retirar subsídios e tarifas distorcidas.
“Nas últimas semanas, relatórios de diversas organizações, como FAO, Oxfam, Banco Mundial, FED (Banco Central dos Estados Unidos) e agora a OCDE, realçam a importância vital que o etanol de cana-de-açúcar brasileiro tem na redução das emissões e também no desenvolvimento econômico. Competindo diretamente, sem subsídios ou tarifas distorcidas, o etanol fez a gasolina tornar-se um combustível alternativo no Brasil, já que os motoristas preferem pagar menos e reduzir emissões consumindo o etanol de cana”, declarou o presidente da UNICA, Marcos Jank.
O relatório da OECD reviu mais de 60 estudos sobre balanços de emissões de gases de efeito estufa e concluiu que, no caso da cana-de-açúcar, os benefícios em emissão média podem ultrapassar 100% devido a produtos adicionais que resultam do processo, como a eletricidade. “Isto reflete a recente tendência nas empresas brasileiras do setor no sentido de combinar conceitos de produção integrada de etanol com outros produtos não-energéticos e com a venda de excedentes de eletricidade para a rede pública”, afirma o relatório.
O documento da OCDE torna claro ainda que a mitigação da mudança climática é uma preocupação global e não importa se os biocombustíveis são produzidos nos próprios países que os consomem ou em outras partes do mundo, desde que sejam gerados de modo sustentável, onde possam contribuir de modo significante para a redução dos gases de efeito estufa.
Estudo bem-vindo pelo setor
A UNICA deu boas-vindas ao consenso emergente de que a abertura de mercados para os biocombustíveis e produtos agrícolas relacionados poderiam permitir uma produção mais efetiva a custos mais baixos ao mesmo tempo em que melhoram os ganhos ambientais e reduzem a dependência de fontes fósseis de combustíveis. “Biocombustíveis deveriam ser produzidos em partes do mundo onde possam dar uma melhor contribuição para a redução do efeito estufa. Mais de 100 países no mundo produzem cana-de-açúcar, a maior parte deles são economias em desenvolvimento, e nós deveríamos aproveitar esta oportunidade”, disse Jank.
“O caminho para a independência energética não ocorrerá por meio do isolamento, mas pela diversificação de energia e a redução do protecionismo poderá diminuir os preços da gasolina em curto prazo”, afirmou Joel Velasco, representante-chefe da UNICA nos Estados Unidos. Tanto nos EUA como na União Européia, a gasolina entra no mercado sem tarifação alfandegária, enquanto o etanol enfrenta tarifas exageradas: US$0,54 por galão nos EUA e €0,19 por litro na Europa.
O relatório da OCDE saiu no mesmo dia em que o presidente do FED, Bem Bernanke, fez declarações sobre o estado da economia americana no Congresso dos Estados Unidos. Perguntado sobre suas visões a respeito da tarifa americano ao etanol de cana-de-açúcar, Bernanke repetiu a mesma opinião expressada em 28 de fevereiro, dizendo que o corte da tarifa americana “seria um bom passo a ser dado”.
A UNICA apóia a conclusão da OCDE que é de extrema importância reduzir o consumo de energia para combater o aquecimento global, mas adiciona que isto não deve impedir o mundo de procurar melhores alternativas de combustíveis para os veículos.