Um acordo pioneiro envolvendo as empresas brasileiras Alcoeste, Cosan, Guarani e NovAmérica e a importadora sueca Sekab, a maior compradora de etanol brasileiro na Europa, permitiu a realização este mês do primeiro embarque de etanol com verificação de critérios de sustentablilidade para a Suécia. O embarque inaugural partiu do Porto de Santos no dia 18 de junho.
Segundo o vice-presidente da Sekab, Anders Fredrikson, o acordo é fundamental para mostrar ao consumidor que o que está sendo entregue é exatamente aquilo que acredita que adquiriu: “um produto que atende às expectativas, especialmente de natureza ambiental e social, questões frequentemente levantadas a respeito do etanol brasileiro e geradoras de polêmica na Europa.” A iniciativa será promovida mundialmente por um site específico criado pela Sekab, SustainableEthanolInitiative.com, com informações em três línguas: sueco, inglês e português.
Para o presidente da UNICA, Marcos Jank, o acordo é histórico, pois representa uma iniciativa pró-ativa para demonstrar que o etanol brasileiro não agride o meio-ambiente, reduz emissões de forma significativa e respeita as leis trabalhistas do País. Ele destacou a diferença entre a verificação de sustentabilidade e a certificação do produto, algo que envolve mais participantes do que apenas os vendedores e os compradores e objetivo de inúmeros esforços multilaterais de desenvolvimento, em andamento em várias partes do mundo.
“É inacreditável como se proliferam os processos para se definir a certificação de biocombustíveis, que representam apenas 1% da energia fóssil no mundo. Em 200 anos de uso de combustíveis fósseis no mundo, não se fez nem uma pequena fração disso para examinar ou assegurar a sustentabilidade desses combustíveis”, afirmou Jank.
Também participou do lançamento o secretário de produção e agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone, que frisou que atender demandas de um parceiro da importância da Suécia também atende os interesses do governo e da sociedade brasileiros: “ambos tem total interesse em garantir a sustentabilidade e a viabilidade do etanol que produzimos”.
O acordo prevê a auditoria de todas as unidades produtoras por uma organização internacional independente, que fiscalizará seis pontos específicos: a redução da emissão de dióxido de carbono, a manutenção de patamares mínimos de mecanização da colheita, o compromisso com a conservação das áreas de mata nativa, tolerância zero quanto ao trabalho infantil e não regulamentado, respeito aos pisos salariais do setor e adesão e cumprimento das metas estabelecidas pelo Protocolo Agroambiental, que estabelece 2014 como ano-limite para a eliminação do processo da queima de cana antes da colheita.
O contrato comercial de exportação prevê a venda de um volume total de 115 mil m3 de etanol durante um período de nove meses.