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Etanol ganha espaço no Senado em dia de debate sobre Pré-Sal

1 de setembro de 2009

Enquanto ocorria um acalorado debate entre governo e oposição sobre o regime de partilha para exploração do petróleo na camada do pré-sal, no Senado Federal o etanol ganhou destaque na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) nesta segunda-feira (31/08/2009). Em uma exposição seguida de debate que durou três horas, o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank, abordou a importância de uma matriz energética que não mantenha a dependência do país nos combustíveis fósseis.

“O Brasil precisa planejar sua matriz energética. Nos últimos 30 anos nossas matrizes foram erráticas e mudaram de estratégia cinco vezes. Devemos aproveitar este período de discussões sobre o pré-sal para refletir mais profundamente sobre qual tipo de matriz queremos para o futuro. Limpa e renovável ou dependente de combustíveis fósseis”, enfatizou Jank.

Em sessão presidida pelo ex-presidente Fernando Collor, Jank dividiu a exposição com o diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),  Adriano Pires, e o professor de Planejamento Energético e Engenharia Mecânica e de Petróleo na Universidade de Campinas (Unicamp), Sergio Valdir Bajay, que também é pesquisador e consultor nas áreas de energia e planejamento energético da mesma universidade.

Matriz limpa

O presidente da UNICA demonstrou que a cana-de-açúcar já é responsável por 16% da matriz energética do Brasil, sendo a segunda fonte de energia do País, atrás do petróleo e à frente da energia hidrelétrica. “Com 46% de energias renováveis, a nossa matriz não é somente a mais limpa do mundo, é também a mais diversificada”, apontou.

Em sua apresentação, Jank mostrou o exemplo dos Estados Unidos, que ainda depende fortemente do petróleo, enquanto o Brasil possuiu várias alternativas, como etanol, biodiesel, gás natural e carvão mineral entre outras. “Temos a matriz diversificada que o mundo todo procura, e que está em linha com as novas políticas sobre mudanças climáticas. Resta saber se vamos preservá-la.”

Adriano Pires referendou a opinião de Jank de que na discussão de pré-sal deve se exigir uma política energética mais definida para o Brasil. “É necessário cuidado com o pré-sal para que não mude a direção dos programas de energia renovável e se acabe sujando nossa matriz energética.”

Agentes de comercialização

Marcos Jank também comentou a proposta de alteração da resolução ANP nº 5/2006, para introduzir os agentes de comercialização na distribuição do etanol. “A incorporação do agente de comercialização e da empresa comercializadora trará uma série de benefícios para o mercado de etanol, sem comprometer a rastreabilidade do produto e o controle do mercado.”

Os resultados esperados para o setor com a alteração da lei, segundo o presidente da UNICA, são uma maior liquidez para o mercado, a redução da sazonalidade e maior previsibilidade dos preços tanto para produtores como para consumidores e governo, aumento da concorrência na aquisição e venda de etanol no elo produtor-distribuidora e uma maior garantia de abastecimento ao longo do ano, independentemente da entressafra.