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Etanol pode ajudar a Argentina a superar crise de energia

6 de outubro de 2014

Parte da crise energética que tanto tem preocupado os argentinos, no que depender dos produtores de etanol, pode estar com os dias contados. Foi com essa expectativa que o mercado local recebeu a notícia de que o governo aumentou o percentual da mistura de biocombustível na gasolina, dos atuais 8% para 9% agora em outubro, 9,5% em novembro e 10% em dezembro de 2014.

Além de fomentar o agronegócio local e beneficiar o meio-ambiente, a mudança na mistura deve gerar uma economia considerável e “bem vinda” aos cofres públicos argentinos. De acordo com informações do governo da presidente Cristina Kirchner, a maior adição do biocombustível produzido permitirá uma redução no déficit da balança comercial do país que, somente com a importação de gasolina, teve um gasto de US$ 12 bilhões em 2013. Para este ano, a previsão é de algo em torno de US$ 13 bilhões.

Com a mudança, espera-se uma demanda anual de etanol da ordem de 800 mil toneladas, um aumento de quase 20% na produção atual. Espera-se que a mudança traga também uma mudança na precificação no mercado doméstico de etanol, cujos valores são fixados pela Secretaria de Energia daquele país. A expectativa é que sejam desenvolvidas novas fórmulas, diferenciando-se o preço do etanol de milho do de cana-de-açúcar, ressaltando que cada uma dessa matérias primas responde por cerca de 50% da produção nacional do biocombustível.

A adoção de etanol como combustível na Argentina começou em 2010, com a construção de nove usinas de cana-de-açúcar. Em 2013, após um investimento de quase 800 milhões de dólares, cinco novas unidades industriais de biocombustível a partir do milho foram construídas no país. Toda a produção é utilizada internamente.

Para o diretor Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, os argentinos podem mirar o exemplo brasileiro de como aproveitar os benefícios do etanol. Segundo Sousa, a tecnologia flex e a mistura obrigatória vigente de 25%, já permitiu a substituição de mais da metade do consumo brasileiro de gasolina. Atualmente, o etanol responde por cerca de um terço do consumo dos veículos leves no País e continua em análise a possibilidade deste nível de mistura atingir 27,5% na próxima safra.

“Com a mistura e os carros flex todos ganham: o produtor, pela maior diversificação da renda, o governo, pelos benefícios econômicos, sociais e ambientais, e mais ainda a população, por ter acesso a um combustível renovável e menos poluente. No Brasil, mesmo com a crise atual do setor sucroenergético, o etanol continua competitivo em relação à gasolina em diversas regiões do país, principalmente naqueles estados que reconhecem o benefício do biocombustível e praticam uma política tributária diferenciada para o etanol” explicou o executivo.