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Futuro da mobilidade é levantado em Ethanol Summit

18 de junho de 2019
Painel "A mobilidade sustentável e o setor sucroenergético" realizado durante o Ethanol Summit 2019 na presença de Fabio Feldmann, Ricardo Salles, Luiz Carlos Moraes e Ricardo Bacellar

O painel “A mobilidade sustentável e o setor sucroenergético”, realizado na tarde dessa segunda-feira, 17 de junho, durante o Ethanol Summit, discutiu a mobilidade nos grandes centros urbanos nos próximos anos. O ambientalista e consultor Fábio Feldmann, que desenvolveu o sistema de rodízio de veículos em São Paulo, lembrou que à época o rodízio foi instituído motivado por questões de saúde e não ambientais, mas reforçou a necessidade de, na atualidade, se pensar na sustentabilidade, uma vez que o aquecimento global é uma realidade.

O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ressaltou o papel do etanol como redutor das emissões de gás carbônico. “O veículo brasileiro movido a etanol é exemplo para o mundo”, disse.

Ricardo Bacellar, sócio da KPMG, afirmou que, até pelo menos 2040, ainda haverá produção de automóveis movidos à combustão. Ele calcula que nessa data metade da frota mundial ainda será de motor movido à combustão, outra metade será de veículos elétricos. Sob este aspecto, o diretor de relações internacionais da Toyota, Ricardo Bastos, afirmou que os estudos para o desenvolvimento de carros híbridos não levam em conta um modelo de motor pré-definido, mas sim a redução das emissões alcançada.

Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, discutiu sobre temas como mobilidade e compartilhamento de veículos e veículo autônomo, que no agronegócio já é realidade.  “Nossa preocupação é como unir esses temas à redução dos gases de efeito estufa, pois o Brasil, como signatário do Acordo de Paris, tem metas de redução dos gases de efeito estufa a serem cumpridas”, disse.

Moraes lembrou ainda que a indústria automobilística trabalha com volume. “Neste cenário, se o Brasil quiser ser protagonista, tem que pensar em termos globais e não apenas no mercado nacional, que conta com apenas 3 milhões de veículos, diante de um mercado mundial de 100 milhões de carros no mundo”, explica.

Ao final do painel, os participantes discutiram também o impacto dos veículos velhos no desenvolvimento de uma mobilidade sustentável. O presidente da Anfavea lembrou que cerca de 230 mil caminhões antigos circulam pelo País.

Hoje, a maioria das usinas faz uso de “defensores biológicos”. Cerca de 4 milhões de hectares de cana já são protegidos por estes agentes microbiológicos (bactérias, fungos e vírus) e macrobiológicos (insetos como vespas), que trabalham combatendo organismos nocivos ao canavial.

Esta realidade já está mudando os canaviais e representa uma volta às origens da agricultura, com as pragas naturais sendo combatidas por seus inimigos naturais.

Na cana, o controle biológico é eficaz contra pragas como a broca da cana, a cigarrinha, o sphenophorus e nematoides, podendo associar o uso de bioprodutos com químicos. Já o manejo biológico inclui biofertilizantes, bioestimulantes, extratos de algas e outros produtos microbiológicos, como fixadores de nitrogênio.

Ao invés de concorrentes, os biológicos são aliados dos defensivos químicos, compondo com destaque o Manejo Integrado de Pragas (MIP). E otimiza os recursos com o uso dos equipamentos normalmente empregados no manejo, ou até mais econômicos, como drones, incentivando o desenvolvimento da agricultura digital e o emprego de mais inteligência nas operações.

E a tendência é que o manejo biológico cresça por conta da demanda dos consumidores e do mercado por alimentos mais saudáveis, livres de químicos e obtidos por processos mais próximos dos naturais. O próprio RenovaBio deve intensificar sua adoção, pois o manejo biológico permite uma nota maior na emissão dos Crédito de Descarbonização (CBIO) por conta da redução na emissão de carbono e o impacto nulo ou baixo para o ambiente.

No caso das usinas, a necessidade de redução de custos também tem favorecido o controle biológico, já que a maioria dos bioprodutos é mais barata do que os químicos, apresentam quase sempre a mesma eficiência em curto prazo, e maior no médio e longo prazo.

Segundo a ABCBio, um dos fatores de incremento na adoção de biológicos é sua crescente eficiência no controle de pragas e doenças, com casos de agentes biológicos que já apresentam a mesma eficácia dos produtos convencionais. Outro fator é que há uma demanda por soluções que resultem em menor impacto em termos de resíduos, principal característica dos agentes biológicos.

O fato é que o manejo biológico ou orgânico representa uma efervescência de produtos, de tecnologias e de conhecimentos e não pode mais ser menosprezado na estratégia agrícola das usinas e produtores de cana!
Visando ampliar a discussão sobre as principais tendências e estratégias da área, a ProCana Brasil estará realizando o primeiro Seminário de Manejo Biológico e Orgânico em Cana-de-Açúcar, nos dias 26 e 27 de junho no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto.

Denominado CANABIO, o evento representa uma oportunidade única de benchmarking na área, pois já estão confirmadas apresentações e cases de diversas usinas, incluindo os grupos brasileiros Adecoagro, Atvos, Balbo, Biosev, Guaíra, Jalles Machado, Raízen, Tereos e Vale do Verdão; e de grupos internacionais como o Pantaleon, da América Central, e a Oitisa, do Paraguai; além dos maiores especialistas da área de mobilidade.

Seja olhando para o passado ou para o presente, os fatos revelam que o manejo biológico representa o futuro. Nosso papel deve ser promover uma volta ao futuro, a este futuro biológico e sustentável para a cana!

Josias Messias, presidente do Grupo ProCana Brasil

QUADRO

Principais Pragas da Cana X Métodos de Controle Biológico:
Broca-da-cana X Trichogramma galloi e Cotesia flavipes
Cigarrinha-da-raiz X Metarhizium anisopliae
Bicudo-da-cana (Sphenophorus levis) X Beauveria bassiana e nematóides entomopatogênicos
Broca-gigante (Telchin licus) X (Em estudo)
Nematicidas e fungicidas biológicos e microrganismos que contribuem para o desenvolvim