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EUA investem para viabilizar indústria sucroenergética nos moldes brasileiros

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11 de fevereiro de 2009


Empreendedores e pesquisadores dos Estados Unidos estão empenhados em desenvolver um setor sucroenergético que inclua aspectos baseados nos moldes brasileiros, gerando açúcar, etanol e bioeletricidade dentro de uma mesma planta industrial, em proporções que variam de acordo com os preços de cada produto no mercado. A constatação faz parte de uma reportagem publicada pela “Ethanol Producer”, principal revista dedicada ao segmento dos biocombustíveis nos EUA.

De acordo com a publicação, os pesquisadores americanos estão tentando contornar diversos desafios, como o de tornar a cana-de-açúcar adaptável a regiões mais frias. Por natureza, a cana tem grande adequação às regiões secas, nas quais chega a produzir açúcar em maior proporção do que em áreas mais chuvosas. Outro passo considerado fundamental para tornar o cultivo da cana nos EUA economicamente viável será atingido assim que a tecnologia para a produção de etanol a partir de celulose (etanol de segunda geração) se torne comercialmente eficaz.

Para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o cenário apresentado pela “Ethanol Producer” reconhece uma tendência que vem sendo observada em vários projetos espalhados pelos Estados Unidos noticiados nos últimos meses. “Há um esforço para viabilizar a cana, particularmente em estados americanos onde as condições climáticas são mais favoráveis. Isso tem sido observado em diferentes projetos, alguns lançados por grandes empresas americanas do setor de biocombustíveis”, afirma o diretor de comunicação corporativa da UNICA, Adhemar Altieri.

A cana-de-açúcar vem sendo plantada nos EUA por séculos, apesar da dificuldade para se encontrarem condições adequadas no país. As lavouras comerciais se concentram nos estados da Flórida, Luisiana, Texas e Havaí. Edward Richard, pesquisador-chefe em Los Angeles do USDA, o Departamento de Agricultura federal americano – equivalente a um ministério da agricultura, informou à revista “Ethanol Producer” que a produção de cana está limitada a 404 mil hectares no país. Por este motivo, o etanol americano é derivado principalmente de milho, cuja lavoura dispôs de 34 milhões hectares em 2008. Os Estados Unidos são o principal país produtor de milho do mundo.

Apesar de a produção de cana-de-açúcar nos EUA ainda ser pequena, o país tem destinado recursos a pesquisas de novas variedades da planta mais adequadas às condições locais. Ben Legendre, professor e chefe do Audubon Sugar Institute, da Universidade de Luisiana, afirmou na reportagem que a ênfase principal das pesquisas é para ampliar as áreas possíveis de cultivo da cana e também reduzir seus custos agrícolas no país. As pesquisas incluem programas de grande fôlego para desenvolver variedades de cana-de-açúcar mais resistentes às pragas, insetos e parasitas, além do frio.

A cana transforma de modo eficiente a luz do sol e os nutrientes do solo em energia, sem exigir grandes quantidades de fertilizante quando comparada a outras culturas. “Os custos de produção são menores que os da lavoura de milho e também de outras utilizadas para a produção de etanol”, constatou Richard. De acordo com Legendre, o balanço energético é excelente. “Enquanto o milho gera 1,5 unidade de energia renovável para cada unidade de energia fóssil consumida na produção de etanol, a cana chega a oito para um”, adicionou.

Empresas também estão de olho na cana-de-açúcar como alternativa para geração de energia, a exemplo do que já vem ocorrendo de forma crescente no Brasil. Um desses casos é o da Pacific West Energy LLC, que está investindo para transformar uma fábrica de açúcar no Havaí em usina sucroenergética, capaz de fornecer açúcar, etanol e eletricidade (clique aqui e leia mais).

A reportagem mostra ainda que o Imperial Valley, no sudoeste da Califórnia, também hospeda outro projeto para produção de etanol de cana-de-açúcar, que está ainda sendo preparado pela California Ethanol & Power LLC (CE&P). De acordo com David Rubenstein, chief operating officer (COO) da empresa, a iniciativa está na fase de licenciamento e ampliação de cultivo de cana.

A CE&P pretende dar seu pontapé inicial ainda em 2009, segundo a revista, para tornar-se inteiramente operacional em 2011. A planta proposta deveria ter capacidade para produzir 227 milhões de litros de etanol por ano e 50 megawatts (MW) de eletricidade, por meio da queima de bagaço de cana.