O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, visitou, no dia 27 de maio, em Tóquio, uma exposição multimídia sobre a realidade da produção e do uso do etanol combustível no Brasil, bem como da potencialidade dessa fonte renovável de energia na implementação dos compromissos assumidos pelos países que aderiram ao Protocolo de Quioto, entre os quais se destaca o Japão. A mostra aconteceu no Hotel Okura, no centro da capital, a partir das 09h30, e serviu, também, como ambiente de trabalho para os participantes do seminário e dos workshops de diversos segmentos da economia e que reuniram delegações empresariais dos dois países.
O etanol está presente na pauta das oportunidades comerciais examinadas pelos dois países desde que o governo do Japão manifestou-se disposto a estudar seriamente a adição de uma porcentagem de até 3% do etanol no combustível automotivo usado naquele país. O tema figurou nas discussões que o primeiro-ministro Junichiro Koizumi manteve em Brasília, durante sua visita oficial, em setembro de 2004.
O líder da segunda economia do Planeta teve, ainda, ocasião para conhecer pessoalmente uma das maiores unidades do País, produtora de etanol e de açúcar, produtos extraídos da cana-de-açúcar, plantada tradicionalmente no Brasil desde o século XVI. Na oportunidade, a comitiva oficial liderada por Koizumi estendeu sua visita pela região e parou na cidade de Guatapará, onde descendentes dos primeiros imigrantes renderam-lhe homenagem.
Etanol, produto de uma economia pujante
Primeiro produtor mundial, principal consumidor e, ainda, maior exportador do etanol, o Brasil tem longa experiência no uso dessa fonte renovável de energia em motores de combustão interna. Menos poluente do que os combustíveis fósseis, o etanol ocupa lugar crescente na pauta comercial de nações dispostas a cumprir as metas de redução nas emissões de dióxido de carbono estabelecidas pelos negociadores do Protocolo de Quioto. Trata-se de compromisso para que a espécie humana possa controlar o efeito estufa que vem provocando aquecimento da superfície da Terra e provocando alterações significativas no clima.
O programa intensivo de adição de etanol à gasolina data da década de 30 e, desde 1980, automóveis e outros veículos circulam movidos exclusivamente por esse combustível obtido da fermentação e destilação da biomassa de cana-de-açúcar. Essa matéria-prima é cultivada principalmente nas terras férteis de São Paulo, também o coração industrial do País, onde as culturas ocupam 3,4 milhões de hectares, um pouco mais da metade da área dedicada a esse produto. A produção na safra de 2004/2005, encerrada em abril passado, bateu o recorde histórico, com 385 milhões de toneladas.
A produção de etanol, na mesma safra, chegou aos 16 milhões de kilolitros, 80% dos quais abastecem a frota interna. A Exposição Multimídia foi criada sob o patrocínio da UNICA – União da Agroindústria Canavieira de São Paulo e da Coimex Trading, com o apoio do governo brasileiro. É composta de um audiovisual, projetado simultaneamente em quatro telas, concebido pela curadora Gláucia Amaral, reputada criadora de montagens contemporâneas para artistas brasileiros e internacionais. A trilha sonora, também criada especialmente para a ocasião, tem a assinatura de Beth Bento e reúne temas clássicos brasileiros, sons da natureza e temas da cultura japonesa.
A Exposição e o encontro empresarial
O conjunto de sons e imagens revive a cultura da cana-de-açúcar, tanto em seus aspectos artísticos como humanos. Faz também um panorama da situação atual de um setor que emprega mais de 1 milhão de trabalhadores, repassa a temática ambiental e apresenta os elementos que asseguram a pujança de uma atividade econômica em franca expansão, com demanda crescente dentro e fora do Brasil. Um vídeo e um folheto explicativo completam a mostra, que esteve aberta somente no dia 27 de maio, no recinto que abrigou as discussões econômicas e comerciais entre delegados oficiais e também empresários dos dois países.
Para criar uma atmosfera própria ao envolvimento dos visitantes por imagens e sons próprios da agroindústria da cana-de-açúcar, foi reservada uma área de 240 metros quadrados, com entrada própria, ao lado do centro de convenções que abrigou a plenária do encontro empresarial da visita do presidente Lula ao Japão.
O propósito dessa mostra foi aproximar o governo e os formadores de opinião da sociedade japonesa da realidade cotidiana numa usina de etanol, mostrando cenas que vão do plantio das mudas até o embarque do produto final. O objetivo da UNICA, da Coimex Trading e do governo brasileiro é o de contribuir com o governo japonês na introdução do etanol na sua matriz de combustíveis. A Exposição em Tóquio mostrou que o Brasil é exemplo de sucesso na substituição de combustíveis fósseis, tem pujante mercado interno para energias provenientes da biomassa e quer se tornar um fornecedor confiável desses produtos para o mercado externo.