A experiência brasileira com o desenvolvimento de tecnologias agrícolas e políticas públicas que contribuíram para o sucesso do setor sucroenergético está na mira do continente africano. Foi em parte para compreender melhor essa receita de sucesso que representantes do The New Partnership for Africa´s Development (Nepad) vieram ao País e aproveitaram a visita para um encontro na sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo, na quinta-feira (02/12).
“Além de explicarmos a evolução do programa de etanol no Brasil, também discutimos quais as possíveis formas colaboração que podem ser implementadas para desenvolver o etanol no continente africano a partir das lições aprendidas ao longo dos mais de 30 anos do programa, desde o início do Proálcool,” explicou o diretor executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, após conduzir uma apresentação para o diretor executivo do Nepad, Ibrahim Mayaki.
Diversidade
Criado em 2001, o Nepad atua em diversos países buscando parcerias com diferentes instituições da sociedade civil e do governo nas áreas de agricultura, bioenergia, pesca e infraestrutura, incluindo estradas, pontes, hidrelétricas e redes de fibras óticas. Em fevereiro de 2010, o secretariado da Nepad foi integrado às estruturas e processos da União Africana, tornando-se a Agência de Planejamento e Coordenação da Nepad (NPCA).
Assim como o Brasil, a maioria dos países africanos possui condições agroclimáticas muito adequadas para a produção canavieira. O continente é formado por 53 países e vários deles já estabeleceram taxas de mistura de etanol à gasolina. Em seu conjunto, porém, esses países ainda correspondem a um pequeno mercado. Países como Sudão, Zâmbia e África do Sul estão no início do desenvolvimento do setor.
Durante o encontro, o diretor da UNICA discutiu formas de cooperação com representantes do Nepad. Uma das mais importantes seria na área agrícola, por meio de transferência e adaptação de variedades produtivas da cana, já que esse item representa cerca de 60% do custo total de produção do etanol. “A África é dotada de condições agroclimáticas bastante adequadas para a produção agrícola, muito semelhante às regiões mais produtivas brasileiras como os cerrados. Variedades produtivas e bem manejadas dariam enorme vantagem competitiva àquele continente,” ressaltou Sousa.
Para a UNICA, oportunidades de colaboração também devem surgir na área industrial, na logística de transportes e até mesmo parcerias ou investimentos diretos de empresas brasileiras na África. “É fundamental investir em infraestrutura e criar um ambiente regulatório de longo prazo, que ofereça garantias para esses investimentos. Uma estreita cooperação entre os países africanos, criando programas regionais, também permitiria ganhos de escala na produção e consumo, papel que pode ser exercido com grande vantagem pelo Nepad,” concluiu o diretor executivo da UNICA.