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África quer parcerias de empresas brasileiras em desenvolver setor

27 de setembro de 2010

O principal banco de fomento do desenvolvimento do continente africano, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), quer firmar parcerias no Brasil para replicar na África as lições aprendidas no programa brasileiro de produção de bioletricidade e biocombustíveis. A informação foi dada por Kurt Lonsway, gerente da divisão de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, e Geoffrey Manley, diretor executivo de Investimentos do BAD, durante visita à sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo, na sexta-feira (24/09).

“Gostaríamos de encorajar algumas companhias brasileiras a investir na África. Queremos mostrar que é uma boa oportunidade, pois o continente apresenta condições agro-climáticas muito semelhantes às brasileiras, e isso representa grande vantagem competitiva na produção do etanol” disse Manley após assistir apresentação do diretor executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa.

Sousa detalhou o programa de etanol brasileiro, desde o Proalcool até o advento dos carros flex, e apresentou as perspectivas do mercado doméstico e internacional. Os executivos assistiram também a uma apresentação do Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Jorge Donzelli, que comentou sobre os processos agrícola e industrial de produção, e as novas tecnologias adotadas no País.

“A África está começando a olhar para os biocombustíveis e poderá ser objeto de nosso apoio desde que garantidos os mecanismos de sustentabilidade econômica, social e ambiental no seu processo produtivo. Obviamente o próximo passo será misturar o etanol à gasolina e adotar os carros flex, nos quais poderemos usar 100% deste biocombustível,” complementou Kurt Lonsway, gerente da divisão de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Banco.

De acordo com os executivos, a idéia não seria focar agora no mercado local africano, mas sim exportar para a Europa ou para a Ásia. Isto porque o mercado na África é ainda muito restrito, mesmo  considerando-se um pequeno nível de mistura na gasolina. “A demanda não é grande o suficiente para justificar um grande investimento, mas pode ser baseado na exportação para a Europa,” explica Manley.

Cenário atual e planos futuros

O continente africano é formado por 53 países. Alguns já estabeleceram taxas de mistura de etanol à gasolina, mas no conjunto, esses países ainda correspondem a um pequeno mercado. Países commo Sudão, Zâmbia e África do Sul estão no início do desenvolvimento do setor.

De acordo com Geoffrey Manley, em teoria o projeto poderia acontecer em qualquer país do continente, mas alguns deles têm condições mais adequadas, como terras disponíveis e tipo de solo para atender às demandas do setor. Exemplos seriam os países do sudeste ou oeste da África, como Moçambique, Tanzânia e Zâmbia.

“Este setor é uma experiência nova para a África, mas queremos seguir com o modelo brasileiro, que utiliza cana-de-açúcar porque já é conhecido por nós e sabemos que é bem-sucedido,” finalizou Manley.