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Futuro da indústria da cana depende de políticas públicas adequadas

31 de março de 2014

O déficit na oferta de combustíveis que existe hoje no Brasil apenas reforça a urgência de medidas para que o etanol volte a ser competitivo. Na visão da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), sem regras claras e de longo prazo, que definam o papel do etanol na matriz energética brasileira, dificilmente o setor privado terá apetite para realizar investimentos que ampliem a oferta do biocombustível de cana.

Esse foi um dos principais pontos abordados pela presidente da UNICA, Elizabeth Farina, em sua participação no F.O. Licht’s Sugar & Ethanol Brazil 2014, realizado na segunda-feira (24/03) em São Paulo. Para ela, se a ausência de medidas governamentais persistir, a demanda por gasolina continuará crescendo, o que não prejudicará apenas a indústria canavieira.

“A falta de rentabilidade do etanol, gerada principalmente pela indefinição sobre a participação do biocombustível na matriz energética, causa também aumento na demanda por gasolina, ocasionando mais importação do combustível fossil pela Petrobras. E se a importação continuar crescendo, o prejuízo da estatal vai aumentar, ampliando também o impacto negativo na balança comercial brasileira, já que mais e mais divisas terão que ser gastas nessa importação,” explicou Farina.

Segundo a executiva, para reverter o quadro negativo, é preciso agilizar propostas que estimulem a recuperação do setor sucroenergético. Farina identificou como principais medidas de curto prazo a efetivação plena da redução da alíquota do PIS/Cofins que incide sobre o etanol e elevação da mistura de anidro na gasolina, dos atuais 25% para 27,5%.

Já para que a indústria volte a investor na expansão da produção de etanol, Farina destacou a importância da introdução de políticas públicas que reconheçam os ganhos ambientais e sociais gerados pela indústria da cana-de-açúcar. Segundo ela, sem isso os empresários investirão apenas na manutenção e aprimoramento de ativos existente, mas não apostarão em novas unidades industriais.

“Nas últimas cinco safras, 44 usinas fecharam as portas e outras 12 suspenderam as operações, e mesmo assim o setor não deixou de produzir. Porém, para atender a demanda futura, são necessárias novas instalações e sem confiança, sem estímulo, acho pouco provável que elas sejam construídas,” explicou a presidente da UNICA.

Farina defendeu o fim dos subsídios para a gasolina, bem como o apoio público à melhoria da eficiência dos motores flex-fuel no âmbito do programa federal Inovar-Auto, e em programas de inovação tecnológica. Celebrando dez anos de realização do evento no País, o F.O. Licht’s Sugar & Ethanol Brazil 2014, que contou com apoio da UNICA, reuniu executivos e especialistas de mais de 15 países.

Além de Farina, também palestraram no evento o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo Dornelles; o vice-presidente de Açúcar, Etanol e Energia da Raízen e conselheiro da UNICA, Pedro Mizutani; e o vice-presidente da Odebrecht Agroindustrial, Marcelo Mancini Stella.