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Governo prevê que demanda por etanol crescerá 150% em dez anos no Brasil

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10 de fevereiro de 2009


A demanda por etanol de cana-de-açúcar continuará em ascensão nos próximos dez anos, devendo atingir um crescimento de 150% no período, de acordo com previsão do Ministério das Minas e Energia (MME). O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), divulgado na sexta-feira (06/02/2009) em Brasília pelo ministro Edison Lobão, aponta um acréscimo de demanda em torno de 11,3% ao ano, até 2017.

Se a expectativa for confirmada, a produção brasileira de etanol dará um salto de 25,5 bilhões de litros ao ano, em 2008, para 63,9 bilhões de litros, em 2017. Sendo assim, o etanol passará a representar 80% dos combustíveis líquidos utilizados em veículos leves no Brasil na próxima década.

De acordo com o Plano Decenal, os investimentos do setor elétrico chegarão a R$ 181 bilhões entre 2009 e 2017, sendo R$ 142 bilhões para a área de geração e R$ 39 bilhões para transmissão. Os recursos serão canalizados para instalar uma capacidade adicional de 51 mil megawatts (MW), ou seja, uma média de mais de 5 mil MW por ano. As fontes alternativas, como biomassa e eólica, contribuirão com 4.977 MW do total a instalar nesse período de 10 anos, com uma média anual aproximada de 500 MW por ano.

As fontes não-renováveis, como aquelas com base em carvão mineral e óleo, crescerão mais no período, somando 10,2 GW de acréscimo no período. Isso fará com que a hidroeletricidade, hoje predominante na matriz de oferta de energia elétrica, saia de um percentual de 85%, em 2007, para 75% no horizonte do Plano Decenal, em 2017, elevando significativamente a emissão de Gases de Efeito Estufa em nossa matriz de energia elétrica.

Dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética, do MME) mostram que, enquanto o mundo apresentava em 2007 um percentual de fontes renováveis próximo a 18% em sua matriz de energia elétrica, o Brasil detinha um índice invejável próximo a 90%. “Esse incremento de fontes não-renováveis em detrimento às renováveis contraria tanto o enfoque sinalizado pela sociedade civil como as próprias diretrizes expostas pelo governo federal no documento do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, apresentado no ano passado”, disse Zilmar José de Souza, assessor de bioeletricidade da UNICA.

Para Souza, o planejamento do setor elétrico deve ser revisto com urgência, de forma a contemplar o tripé da sustentabilidade, ou seja, os aspectos econômicos, ambientais e sociais. “Nesse sentido, a bioeletricidade se apresenta como alternativa ideal, com um potencial teórico de 28 GW ao longo do horizonte do PDE (até 2017), significando o dobro da atual potência instalada da Usina Itaipu”.

“A ampliação da participação da bioeletricidade na matriz elétrica”, diz Souza, “irá simultaneamente mitigar o risco hidrológico brasileiro com menores custos do que os verificados efetivamente com as usinas térmicas movidas a combustíveis fósseis, além de contribuir para preservar nosso perfil de emissões”. Desta maneira, de acordo com o executivo da UNICA, a bioeletricidade sucroenergética apresenta-se como aquela que possui maior e melhor complementaridade com o parque hídrico brasileiro.

O cenário, chamado de referência no Plano Decenal, considerou uma taxa de crescimento anual do PIB brasileiro estimada em 4,9% e uma previsão de crescimento do consumo de energia elétrica em 5,4% ao ano, em média, no decênio. Para o MME, a crise econômica que afeta os mercados mundiais, conduzirá a uma reversão nessas previsões – que será contemplada posteriormente na revisão anual do PDE.

O Plano Decenal de Expansão de Energia 2008-2017 estará disponível para consulta pública até o final do mês (28/02/2008) no site do MME. Contribuições podem ser encaminhadas para o endereço pde2017@mme.gov.br.