Um grupo de artesãos transforma bagaço de cana-de-açúcar em arte como forma de valorizar a identidade cultural do município de Rio das Pedras (SP), um dos maiores produtores de cana-de-açúcar do Brasil. O Núcleo Setorial de Artesanato Viver Com Arte trabalha, desde 2004, com o aproveitamento do bagaço de cana que é doado pela Usina São José, em Rio das Pedras, associada à União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). Peças como fruteiras, abajures, cumbucas, pratos, entre outros, são expostas na feira de artesanato de Piracicaba.
“Passamos a nos reunir na sede da Associação Comercial no período da noite, éramos então 16 pessoas. Tivemos que escolher um trabalho que pudesse representar a nossa cidade e a sua história, então, percebemos que o que temos bastante aqui é cana-de-açúcar”, afirmou Edemar Janczur, integrante do grupo.
O Viver Com Arte começou com encontros quinzenais de pessoas interessadas em trabalhar com artesanato. Hoje, o Núcleo tem o apoio do consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Roberto Ribeiro. O grupo integra o Projeto Empreender em parceria da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) e com a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
De acordo com a assessora de responsabilidade social corporativa da UNICA, Maria Luiza Barbosa, esta iniciativa é importante e diferente de qualquer outro projeto da UNICA ou de suas usinas associadas. “Além disso, evidencia os múltiplos usos da cana-de-açúcar, que serve como matéria-prima nutricional, para produção de etanol, bioeletricidade, bioplástico e agora, objetos artísticos.”
Para a produção dos objetos o bagaço da cana-de-açúcar passa por um processo de lavagem para retirar o açúcar depois secagem (por cerca de dois dias) só então o bagaço começa a ser preparado para o artesanato. O material é triturado e outros ingredientes são acrescentados. A peça é feita com o auxílio de um molde e levada ao sol para secar por em média cinco dias, para depois serem lixadas e receberem pintura, colagem e verniz.
O grupo pretende criar uma cooperativa para gerar mais uma fonte de renda para a cidade. “Sabemos que os nossos produtos são de fácil aceitação e exportação, por serem leves, ecologicamente corretos”, conclui Janczur.