No Brasil tem sido uma espécie de lugar comum economistas e empresários alardearem a tese de que uma pauta de exportações baseada em commodities agrícolas não representa tecnologia embarcada. Para Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), essa visão é absolutamente equivocada. Em um seminário no Rio de Janeiro (RJ), na sexta-feira (19/08), ele defendeu a ideia de que o País precisa investir cada vez mais no agronegócio como forma de diferenciação no comércio internacional, atendendo a um dos segmentos mais dinâmicos do mercado global nas próximas décadas.
“Quando exportamos etanol ou açúcar é correto dizer que o preço por tonelada vendida é baixo, porém há altíssima tecnologia embarcada na sua produção. Tende-se a achar que a commodity é desindustrialização, o que não é verdade. Isso me deixa profundamente incomodado,” afirmou Jank durante debate no Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2011). A discussão ocorreu em um painel que também teve a participação do diretor de Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, e do vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Jank explicou que a indústria de base agrícola é hoje calcada em bens intensivos de recursos naturais com alta tecnologia. “Para produzir um grão de soja é preciso uma quantidade imensa de máquinas, adubos, produtos químicos, logística, etc.” explicou Jank, destacando a incorporação ampla e sofisticada da indústria nos alimentos e na energia vendidas pelo País.
Desindustrialização
Jank rebateu a ideia de que investimentos no agronegócio e na mineração representariam uma suposta “desindustrialização” do País: “Isto é grave equívoco. Somos hoje considerados um dos poucos celeiros do mundo para cultivo de alimentos e energia de forma sustentável, com alto grau de pesquisa e desenvolvimento graças ao empenho do setor privado e de entidades como a Embrapa e o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), para citar apenas dois exemplos.”