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Incentivo público pode acelerar produção de carros híbridos no BR

14 de novembro de 2013

Estímulos governamentais, que possibilitem o barateamento dos preços de carros híbridos importados e dos custos de produção local desses veículos, seriam importantes desde que os automóveis sejam equipados com motores flex. Esse seria o caminho mais eficaz para agilizar a introdução em larga escala dos híbridos no Brasil, na visão do consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc.

Comentando a proposta do vice-presidente Executivo da Toyota, Luiz Carlos Andrade Jr. ao secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland de Brito, apresentada no dia 15/10, Szwarc ponderou que não haveria ganhos ambientais ou de inovação tecnológica para o Brasil se eventuais benefícios fiscais para os híbridos permitissem o consumo exclusivamente de gasolina. Ele lembrou que qualquer veículo flex consumindo 100% etanol produzirá sempre emissões de gás carbônico (CO2) substancialmente menores do que o melhor híbrido movido só a gasolina existente no mercado.

“Agregar a tecnologia Flex ao veículo híbrido representa uma evolução desse conceito, especialmente se houver ganhos de eficiência energética para o etanol em relação à gasolina,” explicou Szwarc.

No documento entregue pelo executivo da montadora ao governo brasileiro, a Toyota solicita incentivos para viabilizar a produção e a venda do híbrido Prius, modelo que pode acoplar dois motores distintos, um a combustão e outro elétrico. “A ideia inicial seria importação, para depois verticalizar. Uma tecnologia como esta tem de ser incentivada,” afirmou Andrade Jr.

A montadora japonesa tomou a decisão de pedir ajuda governamental após a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estabelecer, em julho deste ano, medidas que visam cooperar com as empresas interessadas em importar carros híbridos ou elétricos no País. O primeiro passo dado pela Anfavea foi estabelecer o IPI zero até o ano de 2017, decisão que deve permitir a venda do veículo a um preço mais acessível do que é hoje.

Em um segundo momento, a entidade prevê a nacionalização de tecnologias por empresas que pretendem continuar com este pacote de incentivos. Ao final, a proposta estimula a montagem de híbridos e elétricos no Brasil.

“O governo ouviu o que tínhamos a dizer, e se comprometeu a examinar para futuramente termos uma conversa”, disse Andrade Jr. da Toyota.

Prius no Brasil

Lançado em agosto de 1997 no Japão, o Prius foi o primeiro veículo híbrido produzido em série no mundo e de todos os modelos disponíveis no mercado, é também o mais bem sucedido. Seu projeto visou um veículo confortável e sustentável, que emitisse 50% menos CO2 que os convencionais e economizasse mais combustível.

Comercializado no Brasil por um valor médio de R$ 120 mil, o modelo foi lançado no País em janeiro de 2013 e desde então, cerca de 300 unidades foram vendidas. Para fortalecer a marca e divulgar os benefícios ambientais proporcionados pelo veículo, o Prius vem sendo usado em um programa de táxis híbridos promovido pela prefeitura de São Paulo e em uma frota oficial da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal (DF).

Outros pedidos

O pedido da Toyota não foi o primeiro encaminhado ao governo brasileiro com o objetivo de estimular veículos híbridos. No início de 2011, representantes da Honda afirmaram que, por conta do alto custo de produção, o incentivo é a chave para que a indústria automobilística consiga produzir e vender modelos híbridos a um preço final viável para o consumidor.

Na ocasião, o engenheiro mecânico e supervisor de Relações Públicas da empresa, Alfredo Guedes Júnior, afirmou que antes de pensar em produzir, o importante era fazer com que o governo enxergasse o potencial ecológico dos carros híbridos e que, de alguma forma, oferecesse incentivos para que estes carros pudessem ganhar o mercado nacional.

“Com apoio, o preço poderia ficar apenas 5 a 10% maior do que o de um carro com motor à combustão. Sem esses incentivos, o preço pode ficar 35 a 40% superior,” ressaltou Guedes na época.