O governo do Quênia quer investir na produção de etanol para diminuir sua dependência do petróleo importado, revelou o presidente do Comitê de Energia, Informação e Comunicação do Parlamento do país africano, James G. K. Rege, em visita à sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na terça-feira (30/11), em São Paulo. Segundo ele, o país deve implantar políticas que regulamentem a produção de cana-de-açúcar em seu território.
“Formamos um comitê no Parlamento, que fiscaliza as funções do governo no setor energético, e por isso decidimos vir ao Brasil para aprender. Não podemos continuar a depender da importação, precisamos ter nosso próprio combustível,” afirmou Rege após assistir a uma apresentação sobre o programa do etanol brasileiro.
Regulamentação
Acompanhado por seis parlamentares quenianos, Rege explicou que está na mira do governo de seu país uma regulamentação do setor energético em razão dos altos preços do petróleo, o que tem levado a muitas reclamações dos consumidores. “Estamos pressionando para que se faça a regulamentação assim que voltarmos ao Quênia,” afirmou.
Para Rege, o aumento na produção de cana também deve contribuir para baratear o custo do açúcar no país. “No Quênia não somos muito eficientes na produção de cana e percebemos que o açúcar produzido no Brasil é mais barato,” afirmou. Ele, porém, não detalhou os investimentos que o governo deve fazer neste projeto.
Bioeletricidade
Os parlamentares explicaram que atualmente a produção do biocombustível no Quênia é baixa, mas poderá ser suficiente para a mistura à gasolina. “Teremos etanol disponível nos postos de combustível muito em breve, produzido com bagaço. Já produzimos um pouco e logo será suficiente para a mistura à gasolina, mas não teremos bombas de combustível 100% etanol porque não temos veículos flex,” disse Rege. Ele acrescentou que alguns subprodutos da cana, como o bagaço, que são desperdiçados no Quênia, poderiam ser aproveitados na geração de bioeletricidade.
Para que o setor se desenvolva no país, o parlamentar acredita que o Quênia precisa controlar a regulamentação e dispor de tecnologia para começar a produzir etanol. “Tudo está disponível, pois podemos importar tecnologia, temos engenheiros, podemos fazer isso. Mas precisamos da boa vontade do governo para garantir que isto aconteça,” concluiu.
Com fronteiras com o Sudão, Etiópia, Somália e Uganda, o Quênia tem uma população de quase 40 milhões de habitantes segundo dados do Banco Mundial. A renda per capita do país é de US$ 759 e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) atingiu 2,2% em 2009.
Nos últimos sete anos, as relações comerciais entre o Brasil e o Quênia aumentaram quase seis vezes. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 2003 o intercâmbio comercial Brasil-Quênia, que era de US$ 15,45 milhões em 2003, passou para US$ 91,19 milhões em 2009 mesmo com a crise financeira mundial.