Embora o governo irlandês tenha o objetivo de reformar seu sistema de transportes para utilizar eletricidade produzida domesticamente e de forma sustentável, a tecnologia que permitiria isso ainda não está amplamente disponível. Com isso, o país considera o uso de biocombustíveis, em particular o etanol de cana-de-açucar brasileiro, como um dos meios para atingir sua meta de utilização de energias renováveis. Este foi um dos pontos-chave que surgiram após a apresentação sobre as contribuições do etanol brasileiro para um setor de transporte mais limpo, feita pelo representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na Unão Européia (UE), Emmanuel Desplechin, em evento realizado no escritório da representação do Parlamento Europeu em Dublin, Irlanda, no dia 8 de outubro de 2009. O encontro foi organizado pela Embaixada do Brasil na Irlanda e Chambers Ireland, a maior rede de negócios do país que agrupa 60 câmaras de comércio e 13 mil membros.
Desplechin detalhou a experiência brasileira de mais de 30 anos para desenvolver métodos de produção sustentáveis para os biocombustiveis e estimular o mercado, até chegar a um ponto em que o etanol brasileiro já substitui mais de 50% das necessidades de gasolina do país. Ele também destacou as contribuições do etanol para a mitigação das mudanças climáticas e iniciativas mais recentes como o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, para assegurar que a expansão da cana seja sustentável. “O etanol brasileiro de cana reduz as emissões de GHG em 90% se comparado com a gasolina e está pronto para fazer uma contribuição significativa para a União Européia, podendo ajudar os países membros a reduzir suas emissões de gases de efeitos estufa como também atingir a meta de 10% de energias renováveis no setor de transporte”, disse Desplechin.
Em 2006, a Irlanda adotou uma isenção fiscal de cinco anos para biocombustíveis, visando colocar 163 milhões de litros no mercado irlandês até 2010. Foram aprovadas também medidas para incentivar a compra de veículos Flex, isentos das tarifas para registro de veículos. Agora é esperado que o país introduza uma mistura mandatória de biocombustíveis a partir de 2010, num esforço para progressivamente atingir as metas da Diretiva Européia de 2020. Para o longo prazo, devido ao pontencial irlandês para produzir eletricidade limpa e renovável de energia eólica terrestre e offshore, o apoio para o desenvolvimento de carros elétricos também será incentivado.
“Procurar um equilibrio entre produção doméstica e energia renovável importada faz sentido, e a Irlanda possui um potencial para eletricidade verde que deve ser explorado. Mas a segurança do fornecimento de energia será atingida pela diversificação de recursos e fornecedores, e o etanol brasileiro é um complemento ideal para outros recursos energéticos que, devido a limitações técnicas, atualmente possuem dificuldades para penetrar nestes mercados, “ concluiu Desplechin.
A participação da UNICA no evento ocorreu dentro do escopo do projeto Apex-Brasil/UNICA, iniciado em janeiro de 2008. Trata-se de uma parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo do projeto Apex-Brasil/UNICA é promover a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável ao redor do mundo.