Usina destinada à geração de energia elétrica por meio da queima do bagaço e palha da cana (Foto: UNICA/ Niels Andreas)A sociedade deveria ser informada de maneira transparente sobre o custo efetivo para produzir um quilowatt-hora de energia de cada fonte, assim como o custo para levar essa energia até o consumidor final. É o que defendeu o gerente de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, em palestra durante o Congresso “Planejamento Termelétrico Brasileiro,” realizada na quinta-feira (12/04) no Rio de Janeiro.
Souza destacou que os leilões promovidos pelo governo observam apenas o preço de aquisição da energia elétrica, sem levar em consideração os custos e benefícios reais das fontes participantes. “Mas a energia não tem nome ou cor quando disponibilizada, portanto seria fundamental que todos soubessem qual o verdadeiro custo para se levar aquela energia até o consumidor final,” frisou Souza.
Ele lembrou que ao misturar nos leilões fontes de geração não comparáveis – como por exemplo a energia fóssil, ou distante do centro de consumo, junto com a biomassa de cana – cumpre-se apenas o objetivo de obter o menor preço para a energia, mas não se obtém necessariamente o menor custo global para a sociedade.
“Este é o paradoxo que temos ao misturar em uma mesma cesta coisas diferentes no momento do leilão, como se comparássemos abacaxis e bananas, que obviamente têm custos de produção e benefícios diferenciados,” explicou Souza.
Limitação
Para o gerente da UNICA, o atual modelo de leilões acaba restrito ao preço, não levando devidamente em consideração questões específicas sobre cada fonte energética. Entre outros fatores que precisam ser divulgados estão impacto ambiental, nível de emissões de gases de efeito estufa, distância entre a geração e o consumidor, confiabilidade no fornecimento e complementariedade com a fonte hídrica, que é majoritária.
“Quase 90% do potencial da bioeletricidade sucroenergética está no submercado Sudeste/Centro-Oeste. E somente a demanda deste submercado representa mais de 60% da demanda do Sistema Interligado Nacional. Contratar bioeletricidade significa, no mínimo, evitar perdas e investimentos em longas redes para trazer energia até o centro consumidor, além de diversificar a matriz energética com uma fonte plenamente complementar à hídrica. Os leilões deveriam enxergar esses aspectos,” concluiu Souza.
Para baixar a apresentação de Zilmar de Souza, clique aqui.
Para conhecer a iniciativa do Projeto AGORA para a bioeletricidade, visite o site
www.bioeletricidade.com.br.