Incentivar a contratação da bioeletricidade sucroenergética em leilões regulados pelo governo federal e dar continuidade ao processo de aprovação do Programa RenovaBio representam duas medidas de suma importância para a recuperação econômica da indústria canavieira e o desenvolvimento sustentável do Brasil. Esta foi a constatação do subsecretário de Energias Renováveis de São Paulo, Antonio Celso de Abreu Jr., e do diretor Comercial da empresa Zanini Renk, Eduardo Martinez, em visita à unidade da companhia, na última quarta-feira (07/06), em Cravinhos (SP).
Durante o encontro organizado no interior paulista, do qual também participaram o gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, e o diretor de Tecnologia e Regulação da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), Leonardo Caio Filho, o subsecretário do governo de SP enfatizou o fato da cadeia produtiva da biomassa sucroenergética ser uma importante geradora de emprego e renda.
“É um setor que trabalha enxergando não só o mercado interno como o externo. A palha e o bagaço da cana constituem um grande negócio do Estado de São Paulo na área energética, promovendo a interiorização do mercado da energia renovável em centros de excelência como este que visitamos hoje”, apontou Antonio Celso Jr.
Subsecretário de Energias Renováveis de São Paulo, Antonio Celso de Abreu Jr. (3º dir. p/ esq.) durante visita à empresa Zanini RenkEm sintonia com o subsecretário, os representantes da UNICA e da Cogen reforçaram a importância de se garantir que a biomassa participe de leilões já em 2017. “Recentes declarações de integrantes do Ministério de Minas e Energia apontam para a possibilidade de haver um certame de reserva este ano, porém ainda não foram indicadas quais fontes de geração poderão participar”, observou Zilmar de Souza. De acordo com o diretor da Cogen, Leonardo Caio Filho, “os leilões representam a principal ‘porta de entrada’ para a bioeletricidade no setor elétrico nacional e a presença da biomassa num eventual leilão de reserva, em 2017, seria muito importante para a cadeia produtiva da cana”.
Desde 2011, a biomassa não tem participado dos leilões de compra de energia de reserva. Nos últimos seis anos, apenas as fontes eólica, solar e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) foram convidadas para participação nestes certames. O governo federal também avalia a possibilidade de haver um leilão, ainda em 2017, para atender à demanda das distribuidoras de energia elétrica (chamado A-5).
O diretor da Zanini Renk, Eduardo Martinez, destaca que, atualmente, o segmento canavieiro representa entre 50% e 55% do faturamento da empresa, embora este índice já tenha sido de 90%. “Mesmo assim, ele é o principal setor em nosso negócio, é quem puxa a receita. Com os leilões e o RenovaBio, temos esperança de ampliar nossa produção como no passado e com produtos 100% nacionais”, comentou o executivo da marca fundada em 1976, nascida de uma joint venture entre as empresas Zanini, de Sertãozinho (SP), e Renk AG, da Alemanha. Prestadora de serviços de Usinagem e Tratamento Térmico, a companhia também desenvolve soluções para aplicações industriais em processos de extração de cana e geração de bioeletricidade. São 315 colaboradores diretos empregados na unidade de Cravinhos.
RenovaBio
Além do leilão de reserva, outro tema ressaltado pelo gerente em Bioeletricidade da UNICA durante a visita do subsecretário paulista à Zanini Renk foi o Programa RenovaBio, lançado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) no final do ano passado para impulsionar a indústria de biocombustíveis no País. Após ter suas diretrizes recentemente (08/06) formalizadas pelo Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE), o projeto está em fase de aprovação no Congresso Nacional.
“Além de maior participação no mercado de energia elétrica, outra oportunidade para a expansão da biomassa da cana está no segmento de transporte, com o etanol. Utilizado por quase 70% da frota de carros leves no País, trata-se de um biocombustível estratégico para substituir a gasolina, altamente poluidora e cujo uso vem sendo cada vez mais contestado após o Acordo de Paris”, afirmou Zilmar de Souza, citando o pacto global assinado por quase 200 países em 2015 com o objetivo de frear o aquecimento global. O Brasil se comprometeu a reduzir em 43% as suas emissões de gases de efeito estufa até 2030, incluindo a participação de 18% de combustíveis renováveis e outras na matriz energética.